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5G em automóveis deve revolucionar a maneira como as pessoas dirigem

Dirigir um automóvel será como “pilotar o celular”, com várias opções de serviços, mas com acessos muito mais rápidos e confiáveis com a chegada do 5G. A tecnologia, que começou a chegar ao Brasil em julho, vai revolucionar os carros conectados com avanços em segurança, desempenho, eficiência e entretenimento, afirmam especialistas do setor.

O avanço dos carros 5G no País, contudo, vai depender da criação de infraestrutura e do apetite das montadoras em colocar novos sistemas nos seus produtos, o que implicaria custos maiores.

A internet ultraveloz deve acelerar o desenvolvimento de carros elétricos e autônomos, mas, até lá, modelos atuais a combustão já vão usufruir da tecnologia, diz Flavia Spadafora, sócia-diretora do segmento automotivo da consultoria KPMG no Brasil.

Há duas semanas, em viagem aos EUA, a executiva testou sistemas introduzidos ou em fase de testes em veículos com a rede 5G. Muitos deles, segundo Flavia, podem chegar ao mercado brasileiro em breve, inicialmente em modelos importados da faixa premium.

Assim como ocorre em celulares, os automóveis receberão atualizações remotas de softwares. Visitas às concessionárias serão mais escassas e, quando necessárias, o próprio sistema vai informar o defeito e emitir um aviso – a revenda separa a peça e informa as datas para agendamento.

Contudo, segundo Mauro Myiashiro, mentor em conectividade da SAE Brasil, o 5G vai demorar a ser um produto de massa devido ao custo e ao cronograma de implantação no Brasil, previsto até julho de 2028.

SEGURANÇA.

Os veículos passarão a ser semiautônomos, com conexão a semáforos, placas de trânsito, faixas nas estradas e com outros veículos. Se um carro é freado bruscamente, ou se houver um acidente no trajeto, imediatamente os veículos que estão atrás serão informados e terão as velocidades reduzidas automaticamente. “O 5G é cem vezes mais rápido do que o 4G, permite mais tráfego de dados e menos interrupções nas transmissões”, afirma Marcus Vinicius Aguiar, vice-presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA).

Os carros vão ter vários aplicativos e serão conectados a um ecossistema que envolve fábricas, concessionárias, seguradoras e prestadoras de serviços, diz Fabio Rabelo, responsável pela área de digitalização da Volkswagen América do Sul. Se o motorista sofre um acidente, o próprio sistema do carro comunica ao pronto-socorro mais próximo e à seguradora.

Pelo menos um carro que já circula no País, o BMW ix, tem 5G, mas não está habilitado porque a rede local, por enquanto, só funciona em algumas capitais. A empresa informa estar estudando como fazer isso e quais funções de conectividade serão agregadas.

O presidente da Renault do Brasil, Ricardo Gondo, ressalta que a conectividade mais rápida e mais segura vai permitir novos sistemas de segurança. Já a Honda informa que, a partir de outubro, com a chegada ao mercado das versões topo de linha do New HR-V, a marca passará a disponibilizar o myhonda Connect, plataforma que estabelece a conexão entre o veículo e o smartphone por meio do 4G. “Com a recente chegada do 5G, estudamos a possibilidade de adoção da nova tecnologia.”

FÁBRICAS.

Várias montadoras no Brasil já operam com a chamada “indústria 4.0”, com maior digitalização e robotização dos processos. Com o 5G, o processo será ainda mais eficiente. A Stellantis – dona das marcas Fiat, Jeep, Citroën e Peugeot – está testando, em parceira com a TIM e a consultoria Accenture, um projeto-piloto com a tecnologia 5G por meio de uma rede privada que utiliza inteligência artificial. A primeira aplicação do sistema foi feita na fábrica da Jeep em Goiana (PE).

A Ford, que anunciou que oferecerá seu Centro de Desenvolvimento e de Tecnologia de Tatuí (SP) para testes de carros autônomos, instalou antena 5G e sensoriamento nas pistas para comunicação com os sistemas de direção autônoma.

A Mercedes-benz também instalou uma antena 5G na fábrica de São Bernardo do Campo (SP), em parceria com a Nokia. Segundo a montadora, a tecnologia trará impacto positivo na integração, conectividade dos processos industriais e eficiência da produção. •

Autor/Veículo: O Estado de S.Paulo 
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