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AGE da Petrobras terá disputa acirrada


A disputa entre União e acionistas minoritários na eleição do conselho de administração (CA) da Petrobras ganhou, às vésperas do pleito, novos contornos que mexem no tabuleiro, e acirram a briga pelas oito cadeiras do colegiado em jogo hoje. Órgão de assessoramento vinculado ao conselho, o Comitê de Pessoas rejeitou a indicação de dois dos doze candidatos, o que lança dúvidas sobre os nomes que de fato estarão no páreo. Ao mesmo tempo, os resultados parciais mostram que os votos estão dispersos e que investidores poderão ter mais dificuldades na tentativa de aumentar a representatividade no colegiado.

A Assembleia Geral Extraordinária (AGE) desta segunda-feira foi convocada para destituir Roberto Castello Branco e eleger o general Joaquim Silva e Luna para o conselho - pré-requisito para que o militar seja efetivado presidente da estatal. No mesmo encontro, haverá a eleição para oito dos onze assentos no CA. Nessa disputa, concorrem oito nomes apresentados pela União e quatro indicados pelos minoritários, que recorreram ao voto múltiplo - mecanismo que, na prática, permite aos acionistas votarem em nomes alternativos à chapa do governo.

A eleição marca não só a disputa entre a União e investidores pelas vagas, como também entre os próprios minoritários. Dentre os concorrentes, o banqueiro Juca Abdalla, Marcelo Gasparino e Leonardo Antonelli (que tenta a recondução) contam com o apoio do Banco Clássico. Já Pedro de Medeiros foi indicado pelas gestoras Absolute, AZ Quest, Kapitalo, Moat Capital, Navi Capital, Oceana e Solana. Eles concorrerão com os oito nomes da União: Ruy Schneider, Eduardo Bacellar, que tentam recondução; Luna, Sonia Villalobos, Ana Matte, Murilo Marroquim, Márcio Weber e Cynthia Silveira.

Existe, contudo, a possibilidade de reviravoltas na lista. Reclamações de acionistas, questionamentos e, eventualmente, até troca de candidatos são esperados. Antonelli pode desembarcar da candidatura. Além disso, há dúvidas se a União manterá ou não a candidatura de Weber, cuja indicação foi rejeitada pelo Comitê de Pessoas (Cope) - presidido pelo conselheiro Ruy Schneider e que conta com participação de Antonelli e de dois membros externos. Medeiros também foi rejeitado. Ao fim, porém, caberá aos acionistas decidirem se os dois poderão ser eleitos.

A rejeição aos dois foi unânime dentro do comitê. Antonelli citou, no voto, que Weber foi, até agosto de 2020, diretor da fornecedora Petroserv; e que Medeiros, até dezembro, era diretor do Citibank, responsável pela abertura do capital e oferta subsequente de ações da BR Distribuidora. Ambos declararam não terem firmado contrato ou parceria como prestadores de serviço da Petrobras e BR nos últimos três anos. Medeiros alega que o Cope é composto por conselheiros que disputam a eleição e, ao mesmo tempo, avaliam a elegibilidade de concorrentes. Segundo ele, a análise de seu nome foi “incompleta”. Ele defende que, na ocasião da oferta da BR, prestou serviços a investidores, sem quaisquer “tratativas comerciais entre o banco e a Petrobras”. O Valor não conseguiu contato de Weber.

Ao falar sobre a desistência da candidatura, Antonelli citou que já deu sua contribuição à companhia e que solicitou oficialmente, há quinze dias, a substituição de seu nome na eleição. Como o boletim de voto à distância já havia sido publicado, a Petrobras indeferiu a republicação. Para ler esta notícia, clique aqui.

Autor/Veículo: Valor Econômico
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