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Anfavea prevê aumento de 15% nas vendas de automóveis em 2021

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informou nesta sexta-feira que estima crescimento de 15% nas vendas de automóveis em 2021, e que a produção tende a registrar uma alta de 25%.

Os números são indicativo do início da recuperação do setor, que em 2020 teve uma queda de 26,2% nas vendas e de 31,6% na produção ante o ano anterior. Nos últimos meses do ano passado, a indústria automotiva já vinha apresentando bom desempenho.

Em novembro, a produção superou o patamar pré-pandemia pela primeira vez, segundo dados divulgados hoje pelo IBGE.

Para a previsão de 2021, A Anfavea considera que o PIB vai crescer 3,5% neste ano, com inflação medida pelo IPCA em 4% em 2021, dólar flutuando na faixa dos R$ 5 e taxa Selic fechando o ano em 3% ao ano.

A associação avalia que os desafios ainda serão ainda o enfrentamento da crise causada pela pandemia, a fragilidade no mercado de trabalho, o aumento da carga tributária, além de questões logísticas e de oferta.

Segundo Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, as projeções da entidade são conservadoras, devido aos riscos que ainda existem para as previsões:

— Nunca enfrentei, na minha história do setor, uma crise dessa dimensão — disse ele, citando ainda fatores como o aumento do ICMS para o setor em São Paulo e as dificuldades no fornecimento de peças e equipamentos.

Montadores avaliam vacinar funcionários contra Covid-19
Ele citou ainda a volatilidade do dólar e o risco de fechamento de negócios com o recrudescimento da pandemia.

— Nunca foi tão difícil projetar os resultados de um ano, pois temos uma neblina à nossa frente desde março, quando começou a pandemia.

Por outro lado, ele vê a possibilidade de uma volta maior da confiança, caso o governo consiga implementar um rápido programa de imunização na população, o que pode fazer as vendas aumentarem.

Moraes disse que a Anfavea estuda, inclusive, a possibilidade de oferecer vacinas a seus funcionários quando o imunizante estiver disponível na rede privada.

— Nós estamos discutindo este tema sim na Anfavea, a gente está aguardando o plano geral do governo, como será a estruturação do plano, o governo está dando prioridades aos mais idosas, as pessoas com comorbidades, pessoal da saúde. A gente não tem muito bem definido pois isso ainda depende primeiro da aprovação das vacinas, da disponibilidade, mas estamos atentos a esse tema e naquilo que for possível a gente quer atuar, não só com os seus funcionários, mas também tentar ajudar no que for possível a sociedade a ter a maior imunização possível — disse Moraes.

Ele afirma que quer repetir o que ocorre com a vacinação da H1N1, onde as montadoras fornecem infraestrutura, como ambulatórios e veículos, para ajudar na vacinação nas localidades onde as empresas estão instaladas.

— A gente tem uma estrutura de vacinação e queria ajudar, nos só os nossos funcionários, mas até eventualmente a população de onde a planta está localizada — disse o presidente da Anfavea, lembrando que as montadoras ajudaram no início da pandemia reformando ou fabricando respiradores.

O ritmo da vacinação será tão ou mais importante que outros fatores da economia:

— Agora, a gente acompanha os números da economia, mas também os dados da vacina e da contaminação — disse Moraes, que afirma que a Anfavea tem acompanhamento diário de dados sanitários, inclusive de funcionários das empresas.

Crítica à alta do ICMS em SP
Moraes acredita que os preços tendem a ser estáveis em 2021, depois da forte alta registrada no ano passado que, segundo ele, foi causada pela forte valorização do dólar e por problemas na cadeia de fornecimento de peças e equipamentos.

Ele criticou fortemente o impacto do aumento do ICMS em São Paulo para o setor: o ICMS subirá, a partir de 15 de janeiro, de 12% para 13,3% para carros novos e de 1,8% para 5,53%, no caso de automóveis usados adquiridos em lojas ou concessionárias.

— Acreditamos que não é o momento do aumento de carga tributária, isso vai na contramão da reforma tributária e afeta até o setor de automóveis usados, que é importante para a geração de empregos — disse.

Moraes afirmou que a medida gera desequilíbrios estaduais e até mercados paralelos, com a busca por automóveis em outros estados.

Os dados de 2020 foram, em linhas gerais, os piores para o setor desde 2016. As vendas somaram 2.058.437 unidades, queda de 26,2% sobre os 2.787.850 de 2019, e a produção somou 2.014.055 unidades, queda de 31,6% diante das 2.944.988 de 2019.

Em dezembro, o setor empregava 120,5 mil pessoas, em dezembro de 2020. Isso representa o fechamento de 5,1 mil postos de trabalho no setor, ou seja, uma redução de 4% na comparação com dezembro do ano anterior.

Perda de posição em ranking mundial
Com este resultado, segundo dados preliminares da Anfavea, o Brasil encerrou 2020 como nono maior produtor de veículos, perdendo a oitava posição de 2019 para a Espanha. No ranking de licenciamento de veículos, o país terminou novamente como sexto maior mercado em 2020, em “empate técnico” com a França.

Apesar dos dados negativos para todo o ano, o mês de dezembro de 2020 registrou forte recuperação. As vendas de dezembro somaram 243.967, uma alta de 8,4% em relação a novembro e uma queda de 7,1 % na comparação com dezembro de 2019, bem inferior à queda média do ano.

Já a produção somou 209.296 unidades, alta de 22,8 % na comparação com dezembro de 2019.

Os estoques do setor, somando fabricantes e concessionárias, terminou dezembro com 96,8 mil unidades. Isso equivale a 12 dias de vendas do setor. Este é o menor patamar, em dias, na história do levantamento da Anfavea.

Ele afirmou que há problemas na alta dos preços de aço e de outros insumos, como resinas. Além da alta nos preços, isso gerou falta de peças que chegou a paralisar algumas linhas de produção.

— Nosso pessoal de logística está acompanhando 24 horas por dia onde estão as peças, em um trabalho conjunto entre o setor e sua cadeia produtora. Até frete aéreo está sendo usado — disse ele.

O setor de caminhões registrou um 2020 com resultados mais amenos que a média do setor. Segundo os dados da Anfavea, foram vendidos no ano passado 89.678 unidades, queda de 11,5% sobre 2019.

Já no setor de máquinas agrícolas e rodoviárias, as vendas somaram 47.077, uma alta de 7,3% sobre o ano anterior, puxados pela alta do agronegócio no Brasil.

Autor/Veículo: O Globo
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