Notícias

Anfavea quer setor no ataque na busca de ser competitivo

“Eu acredito”. A frase que se tornou grito de guerra da torcida do Atlético Mineiro serviu de mote ontem ao novo presidente da Anfavea, associação que representa as montadoras instaladas no Brasil. Mário de Lima Leite assumiu o cargo onde fica até 2025 com um discurso otimista diante dos principais problemas que o setor enfrenta no país e no mundo, mas com alerta de que é preciso ter “senso de urgência”.

Descontrole da cadeia logística, competitividade, inflação em alta, mudanças no perfil de consumo, juros na casa dos dois dígitos limitando crédito, manutenção da rede de fornecedores e a eletrificação dos veículos estão na longa pauta de desafios citada pelo apaixonado torcedor do Galo.

A eletrificação dos veículos em todo o mundo ameaça a sobrevivência de boa parte dos fornecedores

Com um estilo descontraído, e por várias vezes citando a família, Leite falou a uma plateia composta por ex-presidentes da Anfavea, representantes das montadoras e jornalistas. Advogado e contador, ele é diretor de Assuntos Jurídicos, Tributários e de Relações Institucionais da
Stellantis na América do Sul. O executivo entrou na Fiat há 21 anos, após quase uma década atuando em consultorias como KPMG e Deloitte.

O novo presidente defendeu que o setor “tem de pensar grande” porque tem produtos para competir em vários mercados além da tradicional América Latina. Destacou o designer e a engenharia brasileira como pontos fortes. E colocou a competitividade no centro de campo do debate dentro e fora da associação.

A exportação, ao lado de programas de renovação de frota, surge como alternativa para elevar a ocupação das linhas de montagem. Hoje o setor tem condições de produzir até 4,5 milhões de veículos por ano, para a estimativa da própria Anfavea -já considerada otimista diante dos números do primeiro trimestre - indica 2,3 milhões de unidades em 2022. Segundo Leite, por falta de componentes, principalmente semicondutores, o setor no país já deixou de produzir neste ano 100 mil unidades. No ano passado foram 350 mil veículos a menos.

“Desafio é competitividade da porta para fora. Temos produtos competitivos (dentro da fábrica) em qualquer país do mundo”, disse durante a posse. “Temos produtos que são desejados em outros mercados.” E isso se aplica desde os veículos de entrada até os caminhões mais pesados.

Para mostrar que está disposto a ir para o ataque desde o começo do jogo, Leite tem já nesta terça-feira o primeiro encontro, no novo cargo, com o ministro Paulo Guedes, da Economia. Junto com os presidentes das principais montadoras, a Anfavea vai levar ao governo propostas para a retomada da industrialização.

Leite se mostrou preocupado com o futuro da rede de fornecedores das montadoras. Ele destacou a importância de manter vivo o que chamou de “ecossistema”, formado por 98 mil empresas que empregam cerca de 1,25 milhão de pessoas.O processo de eletrificação dos veículos em todo o mundo tende a reduzir o número de fornecedores, já que em um carro elétrico são usadas muito menos peças e partes do que em modelos a combustão, o que coloca em xeque a sobrevivência desse “ecossistema”. Para ler esta notícia, clique aqui.

Autor/Veículo: Valor Econômico
Compartilhe: