Embora a situação do mercado de combustíveis esteja relativamente mais calma, com um recuo dos preços do petróleo e reduções tributárias no Brasil que reduziram os valores, o presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, destacou a chegada do “primeiro navio de óleo diesel da Rússia” durante entrevista após o primeiro turno.
Desde agosto, com o início do período de maior demanda de diesel no Brasil, a reguladora ANP deferiu 20 licenças de importação para um total de 61,8 mil toneladas do combustível de origem russa para duas importadoras, segundo relatórios da ANP, o mais recente deles divulgado nesta terça-feira.
A responsável pela carga que desembarcou em Santos seria a Ice Química Comercial Importadora e Exportadora Ltda, empresa com sede em Palmas-TO, disse uma fonte do mercado à Reuters. Não foi possível falar com um representante da empresa, apesar de tentativas telefônicas.
Em agosto, a importadora teve 10 licenças de importação deferidas pela ANP, com 4,14 mil toneladas de diesel cada.
Em setembro, foi a vez da CiaPetro Trading Comercial Importadora e Exportadora, do Paraná, receber outras dez licenças, com 2,04 mil toneladas cada.
Os volumes das cargas, no entanto, podem ser maiores ou menores que os aprovados, segundo a agência, devendo apenas ser feita uma posterior retificação.
Segundo a ANP, o deferimento da licença –solicitada à agência pela importadora– é obrigatório para a importação do produto, mas não obriga a empresa a trazê-lo ao Brasil. Cada licença é válida por 90 dias, podendo ser prorrogada por igual período.
GRANDES IMPORTADORAS DE FORA
O diesel russo ainda não atraiu o interesse das maiores importadoras, como a Blueway Trading –controlada pela Raízen–, Vibra Energia e a própria Petrobras, que continuam importando o combustível majoritariamente dos Estados Unidos, conforme os registros de licenças aprovadas.
A importação de derivados de petróleo da Rússia é considerada uma questão sensível pelo setor, em função das sanções impostas ao país pela Europa e pelos Estados Unidos, em retaliação à guerra na Ucrânia.
Há preocupações com represálias econômicas, embora o Brasil não tenha proibido qualquer compra de produtos russos.
Em julho, o diretor de Comercialização e Logística da Petrobras, Cláudio Mastella, disse que a companhia não descartava a compra de diesel russo diante de cenário de aperto, mas que até então a empresa vinha optando pelos fornecedores tradicionais, como os EUA.