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ANP constatou 62 incidentes em perfurações em alto mar em 2022

Relatório Anual de Segurança Operacional elaborado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) apontou que, em 2022, houve 62 incidentes com vazamentos em exploração de petróleo em alto mar com 217,16 metros cúbicos de vazamento de óleo.

O gráfico do relatório mostra a quantidade de eventos e o volume descarregado no mar, tanto de óleo cru quanto de óleo diesel, de 2013 a 2022.

O levantamento aponta que o número de incidentes é o mesmo de 2016 e menor apenas que o de 2014, quando houve 71 incidentes.

Foi também o segundo maior volume de óleo vazado na série, atrás dos 410,9 metros cúbicos vazados em 2019.

O documento mostra ainda que “grande parcela desse volume (158,3 metros cúbicos) foi proveniente do acidente de descarga maior de óleo no FPSO Cidade de Anchieta” e que “o volume de diesel descarregado se manteve no patamar do ano de 2021”.

O consultor Adriano Pires, especialista da CNN na área de petróleo, considera os dados irrisórios.

“O gráfico todo é favorável à Petrobras. Os números de vazamento comparados com os de produção são irrisórios”, afirma.

Segundo ele, 200 metros cúbicos de vazamento são equivalentes a mil barris de petróleo, sendo que a produção diária é de 3 milhões de barris.

“É um vazamento normal. Isso não classifica acidente ambiental. É insignificante. Além disso, a Petrobras tem um sistema de contenção eficiente”, declarou.

Já Claudio Angelo, coordenador de Comunicação e Política Climática do Observatório do Clima, disse que “não existe zero acidente em nenhuma atividade de produção de petróleo”.

“Dados da ANP mostram que, apenas em 2022, houve 62 incidentes em atividades de petróleo offshore, com o derramamento de 217 mil litros de óleo no mar. Parece pouco se comparado ao derramamento na baía de Guanabara em 1999, quando 1,3 milhão de litros vazaram de uma vez. Mas são esses vazamentos que tornam a Petrobras a campeã de autuações pelo Ibama”.

Claudio Angelo disse ainda que a Petrobras tem um “histórico notável de segurança nas operações offshore: até hoje não aconteceu, no Brasil, nenhum acidente grave como o do poço de Macondo”, explorado pela BP no Golfo do México, que explodiu em 2010.

“Só que, até Macondo, a BP tampouco tivera acidentes do tipo. Se entendermos risco como probabilidade versus impacto, ambos os fatores aumentam quando a empresa abre uma nova fronteira em uma região inóspita, ambientalmente sensível, de correnteza forte e muita chuva, em um ambiente que em tudo desfavorece respostas emergenciais”.

O especialista lembra ainda que, em 2011, a correnteza arrastou um navio-sonda e obrigou a Petrobras a abandonar um poço perfurado no bloco FZA-M-252, também na Foz. “Se houvesse óleo na perfuração, teria vazado”.

Em nota, a Petrobras afirmou que os 62 acidentes mencionados “são relacionados a diversas empresas que atuam no Brasil, mas é importante destacar que, à semelhança de outros anos, há uma grande concentração em volume vazado em poucos incidente”.

Sobre o acidente na unidade de produção Cidade de Anchieta, a empresa afirmou que o fato “ocorreu em sistema naval, com o comprometimento de integridade de tanques de carga da instalação”. Segundo a Petrobras, foram 190 metros cúbicos de óleo vazados, dentre os cerca de 217 metros cúbicos registrados ao longo de 2022.

“Os únicos outros três incidentes que resultaram em descargas maiores que 1 metro cúbico também ocorreram em instalações Petrobras, ocasionadas por falha em sistemas submarinos e em tanque de resíduos em instalações de produção de petróleo. Não houve relatos de incidentes maiores em unidades de perfuração exploratória de poços de petróleo”, informou a companhia.

A CNN procurou a ANP, mas a associação não se manifestou.

Autor/Veículo: CNN
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