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Área leiloada do Porto de Santos fica com Petrobras

Duas áreas foram a leilão no Porto de Santos, mas apenas a maior, a STS08A, recebeu proposta da Petrobras. O investimento previsto ao longo do contrato é de R$ 678,3 milhões. Outra área, no Porto de Imbituba (SC), também foi arrematada, com valor de outorga de R$ 200 mil oferecido pela vencedora Fertisanta, de fertilizantes. De acordo com o Secretário Nacional de Portos e Transportes Aquaviários (SNPTA), do Ministério da Infraestrutura, Diogo Piloni, a partir de agora a Pasta estuda o futuro da área STS08, que não recebeu propostas e hoje é operada pela Transpetro.

“É bem possível que tenhamos de reestruturar o processo todo, diante do aumento dos custos dos insumos envolvidos na operação”, afirmou após o leilão. Segundo o secretário, enquanto os estudos da área portuária forem feitos, há a alternativa prevista de assinatura de contrato de transição. “Devemos avaliar como será a manutenção das atividades como uma opção até que tenhamos o modelo alinhavado de relicitação do STS08.”

Para a diretora executiva da Escopo Energia, Lavinia Hollanda, a Petrobras entendeu que não fazia sentido uma oferta pelo segundo terminal, mesmo já operando o ativo. “A falta de competição nesse leilão reflete não só as incertezas sobre a política de preços da estatal, mas também a atual estrutura do mercado, ainda muito dependente da Petrobras em todos os âmbitos”, ressaltou.

Na visão dela, apesar do avanço do programa de desinvestimentos da Petrobras em distribuição e combustíveis, ainda há um longo caminho para reduzir o enorme protagonismo da estatal no setor. “Por se tratar de uma empresa cujo controlador é a União, qualquer interferência acaba impactando o apetite em leilões de ativos ligados à estrutura da Petrobras.” Como mostrou o Estadão/broadcast, apesar de várias empresas terem mostrado ao longo dos estudos interesse no terminal que ficou sem propostas, a insegurança quanto à política de preço de combustíveis da Petrobras minou a confiança do setor. Um motivo que afugentou os interessados foi a percepção de risco sobre o futuro do preço de paridade de importação (PPI) adotado pela Petrobras, que, com o aumento sucessivo dos combustíveis, entrou na mira do presidente Jair Bolsonaro.

O diretor do FGV Transportes, Marcus Quintella, discorda da avaliação de que a discussão política em torno da Petrobras produza tal influência no resultado do leilão. Para ele, a participação solo da estatal está mais relacionada à precificação dos ativos, afetados pela valorização do dólar frente ao real. “E ali já vem sendo operado pela Transpetro há muito tempo”, observou Quintella. •

Autor/Veículo: O Estado de S.Paulo
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