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Auxílio emergencial: Bolsonaro fala em volta em março e manda recado ao mercado


O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira que o auxílio emergencial pode ser pago novamente a partir do mês de março, por “três ou quatro” meses.

O presidente afirmou, por outro lado, que benefício não pode ser eterno, citando a aposentadoria e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). E reclamou da reação do mercado.

— É uma questão emergencial, porque custa caro para o Brasil. É um endividamento enorme para o Brasil. Está quase certo. Não sabemos o valor. Com toda a certeza, a partir... com toda a certeza, pode não ser, a partir de março.Três, quatro meses, que (é o que) está sendo acertado com o Executivo e com o Parlamento também. Porque temos que ter responsabilidade fiscal — disse Bolsonaro, após participar de entrega de títulos de propriedade rural em Alcântara, no Maranhão.

O GLOBO antecipou que seria anunciado, após o carnaval, a ampliação do auxílio emergencial por mais três meses, fora do teto de gastos.

Mais tarde, em transmissão em suas redes sociais, Bolsonaro voltou a falar que o auxílio precisa ser pago a partir de março, mas disse que valores e duração ainda estão em debate.

O presidente aproveitou para mandar um recado ao mercado, que reagiu negativamente sem uma compensação fiscal:

— Pessoal do mercado, qualquer coisa que se fala vocês ficam irritadinhos na ponta da linha, né? Sobe dólar, cai a Bolsa. Pessoal, se o Brasil não tiver um rumo, todo mundo vai perder, vocês também. Então, vamos deixar de ser irritadinhos porque não vai levar a lugar nenhum.

O presidente ainda completou:

— Sabem o que é passar fome?

'Não pode ser eterno', diz Bolsonaro
No Maranhão, pela manhã, o presidente defendeu mais uma vez a abertura do comércio nas cidades, sem considerar os números da pandemia. Ele disse que, se o Brasil se endividar, a inflação irá crescer.

— Se nós nos endividarmos muito, o Brasil pode perder crédito. E daí a inflação vem, a dívida já está em R$ 5 trilhões, e daí vem o caos. E ninguém quer isso aí.

Durante o discurso, o presidente exaltou os recursos destinados por meio do auxílio emergencial ao estado, para "ajudar na sobrevivência" da população, e declarou que a sua equipe estuda estender o benefício "por mais alguns meses".

Ele ponderou, no entanto, que o auxílio é emergencial e "não pode ser eterno", por aumentar demais a dívida do Brasil.

— No momento, a nossa equipe, juntamente com parlamentares, estudamos a extensão por mais alguns meses do auxílio emergencial. Que repito: o nome é emergencial. Não pode ser eterno porque isso representa um endividamento muito grande do nosso país — afirmou Bolsonaro.

Nos últimos dias, a equipe econômica tem discutido com o Congresso a prorrogação do benefício. A ideia é pagar mais três parcelas de R$ 200. O número de beneficiários pode ser reduzido pela metade. Em 2020, quase 60 milhões de pessoas receberam o benefício.

Por outro lado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, quer aprovar redução de gastos para pagar o auxílio.

O presidente destacou que a população do Maranhão recebeu R$ 13 bilhões de auxílio emergencial por conta da pandemia da Covid-19 no ano passado.

No início de sua fala, depois de fazer a entrega simbólica de títulos a famílias de Alcântara, Bolsonaro anunciou que havia acabado de conversar por telefone com o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, e que o banco abriria a primeira agência na cidade.

O presidente foi à cidade maranhense acompanhado de diversos ministros, deputados federais e do senador Roberto Rocha (PSDB-MA).

Guedes se reunirá com Pacheco
Apesar da previsão feita por Bolsonaro, a definição sobre como financiar a nova rodada do auxílio ainda precisa de negociação entre governo e o Congresso.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MDB-MG) afirmou que Guedes pediu uma nova reunião com ele nesta quinta-feira para que as equipes dos dois lados possam avançar, durante o feriado de carnaval, nas discussões sobre a possível retomada do auxílio emergencial.

— Eu prefiro considerar a hipótese de nós estabeleceremos um consenso com o governo federal, com a equipe econômica, para se estabelecer um auxílio que seja matemática e economicamente possível neste momento do país, e que possa socorrer essas pessoas. Numa eventualidade de não haver esse entendimento com o governo federal, nós vamos avaliar oportunamente — disse Pacheco.

Questionado sobre a possibilidade de haver criação de um novo imposto para bancar o auxílio, o presidente do Senado avaliou que isto poderia ser "ineficaz" dada a urgência da questão.

— Eu acredito que nesse instante, como o auxílio é necessário imediatamente, uma criação de imposto seria inclusive ineficaz considerando o tempo que precisamos reagir. Então, essa discussão de aumento de imposto com o sistema tributário da forma como está, é uma discussão que não é boa para o país neste momento - disse Pacheco.

Ele continuou:

O que nós precisamos para já, urgentemente, é do auxílio emergencial ou de um programa análogo que possa socorrer as pessoas, independente da criação de novo tributo.

Mercado 'irritadinho', autonomia do BC e combustíveis
Durante transmissão em suas redes sociais, na noite desta quinta, Bolsonaro voltou a falar que o auxílio precisa ser pago a partir de março, mas disse que valores e duração ainda estão sendo debatidos:

— A gente estuda prorrogar o auxílio-emergencial. Por quantos meses? Três, quatro meses. Não está definido ainda. Qual valor? Também não está definido. Agora, é uma coisa que tem pressa. Tem que ser a partir de março.

O presidente reclamou da reação negativa do mercado financeiro às notícias sobre o auxílio, dizendo que ficam "irritadinhos".

— Pessoal do mercado, qualquer coisa que se fala vocês ficam irritadinhos na ponta da linha, né? Sobe dólar, cai a Bolsa. Pessoal, se o Brasil não tiver um rumo, todo mundo vai perder, vocês também. Então, vamos deixar de ser irritadinhos porque não vai levar a lugar nenhum.

Em seguida, Bolsonaro questionou se essas pessoas sabem o que é passar fome:

— Não pode, quando se fala em discutir por mais alguns meses, pouco meses, a prorrogação do auxílio-emergencial, o mercado ficar aí se comportando dessa forma que está aí. “Vamos dar um sinal para eles que não queremos isso”. Pessoal, vocês sabem o que é passar fome?

Na transmissão, Bolsonaro também comentou a aprovação do projeto sobre a autonomia do Banco Central (BC). O presidente disse que foram acordados vetos durante a tramitação no Congresso, mas que ele ainda não sabe quais:

— A Câmara aprovou a autonomia do Banco Central, projeto que veio do Senado. Como foram acordados alguns vetos, que eu não tomei conhecimento ainda, nessa (próxima) semana, na live de quinta-feira espero tratar aqui da autonomia do Banco Central, prós e contras disso daí.

Bolsonaro ainda prometeu apresentar na sexta-feira um projeto que trata sobre a tributação de combustíveis, prometido na semana passada. De acordo com ele, houve um atraso por parte do Ministério da Economia:

— O projeto está pronto, está faltando parecer da Economia. Outros ministérios já me deram o parecer, Economia atrasou. É comum a Economia atrasar esses pareceres. Mas amanhã tem que estar pronto esse parecer.O presidente também disse que editará um decreto obrigando postos de gasolina a apresentarem a composição do preço do combustível, desde os impostos até o lucro de cada estabelecimento.

Autor/Veículo: O Globo
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