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BC sinaliza juros mais altos por mais tempo, avaliam economistas

A ata da mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem pelo Banco Central, indica que o BC deve adotar uma estratégia de juros altos por mais tempo, de forma a garantir a convergência da inflação para o centro da meta até 2024 (3,0%), segundo avaliação de economistas ouvidos pelo Estadão/broadcast. Por essa avaliação, o mais provável é um cenário com a Selic (a taxa básica de juros) acima de 10% no fim de 2023 e em nível ainda restritivo por boa parte do ano seguinte.

Na reunião feita na semana passada, o Copom decidiu por unanimidade elevar a Selic em 0,5 ponto porcentual, para 13,25% ao ano. O comitê ainda sinalizou que um novo aumento – “de igual ou menor magnitude” – deve ser anunciado no encontro marcado para agosto.

Após a divulgação da ata, o Jpmorgan aumentou de 9,75% para 11,0% sua projeção para a Selic no fim de 2023, com início dos cortes apenas no segundo trimestre. “Um importante novo elemento da estratégia do BC é o ‘alto por mais tempo’ acrescentado à sua comunicação, que, na nossa visão, dificilmente é compatível com o início dos cortes no primeiro trimestre de 2023”, afirmam em relatório a economista-chefe do banco no Brasil, Cassiana Fernandez, e os economistas Vinicius Moreira e Mirella Sampaio.

Na mesma linha, o Goldman Sachs afirma que a ata sugere juros de até 13,75%, com um aumento adicional de 0,5 ponto porcentual em agosto, e o início de um ciclo de cortes moderado apenas entre o fim do segundo e o início do terceiro trimestre do ano que vem. Para o diretor de Pesquisa Macroeconômica do banco para América Latina, Alberto Ramos, “mais do que um aperto adicional, o que será necessário à frente é perseverança”.

Mais pessimista, o economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, já estima uma Selic estável em 13,75% ao longo de 2023. Ele avalia que, com a pressão das medidas de desoneração de combustíveis sobre os preços administrados no ano que vem e a incerteza em torno da política fiscal do próximo governo, será improvável que o BC encontre espaço para reduzir os juros. •

Autor/Veículo: O Estado de S.Paulo 
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