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Bolsonaro reafirma confiança em Guedes, mas põe freio em privatizações: 'o necessário'

Após votar na seção eleitoral da escola municipal Rosa da Fonseca, na Vila Militar, Zona Oeste do Rio, na manhã deste domingo, o presidente Jair Bolsonaro reafirmou sua confiança em Paulo Guedes, dizendo que a “economia está na mão dele”. Porém, pôs um freio nas ambições privatistas do ministro, afirmando que o governo vai “privatizar o essencial, o necessário”.

— Olha só, Paulo Guedes é 98% da economia, eu sou 2%. Era 1% passei para 2%, estou começando a entender — afirmou Bolsonaro. — É igual você saltar de paraquedas, o cara que inspeciona atrás, tem que ter confiança nele. Se não tiver confiança, você não salta. A economia está na mão dele, ele que decide, como a (ministra) Tereza Cristina decide a questão da pecuária e da agricultura. É assim.

Elogio a Campos Neto
Em tom diplomático, Bolsonaro também afagou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que na semana passada trocou farpas com Guedes após citar a preocupação de investidores com o futuro fiscal do país.

— O Paulo Guedes tem suas razões, ele mostra números, não é só ele. O Roberto Campos, do Banco Central, quando faz reuniões conosco é uma coisa excepcional. Eu confesso que entendo uns 20% dos gastos que ele coloca lá, mas não atrapalho em nada. Mas, no todo, os ministros entendem o que está sendo feito — disse o presidente.

No entanto, ao tratar do tema privatizações, que tanto frustram Paulo Guedes, Bolsonaro disse que limitaria a venda de estatais apenas ao “essencial, o necessário”, sem citar nomes de empresas. Segundo o presidente, as estatais “davam prejuízo bilionário, agora dão lucro bilionário”.

— Não quer dizer que nós vamos tirar da cabeça projetos de privatização, vamos privatizar o essencial, o necessário — disse.

O presidente voltou a criticar restrições impostas por prefeitos e governadores para conter a pandemia do novo coronavírus, por seus impactos negativos na economia. E reforçou sua posição contrária a novas medidas restritivas com a possível chegada da segunda onda de contaminações

Cartão vermelho para Renda Cidadã
— Se não fôssemos nós trabalhando, fazendo o contrário de muitos governadores e prefeitos, estaríamos vivendo um caos nesse momento — disse o presidente. — Se fechar tudo novamente, não sei como nós podemos reagir. O auxílio emergencial não foi dinheiro que estava no cofre, foi endividamento. O total, todas as despesas, mais de R$ 700 bilhões de endividamento. O Brasil aguenta outra dessa?

Bolsonaro voltou a descartar a criação de um novo programa social para substituir o Bolsa Família, reafirmando que dará "cartão vermelho" a quem levantar a ideia novamente. E reforçou a aposta no projeto Minha Primeira Empresa, anunciado na semana passada sem muitos detalhes.

— O Estado tem que interferir o mínimo possível na vida do Brasil. Cobrei do Paulo Guedes de novo, muita gente reclama que está ganhando pouco, quero dar a chance para essas pessoas criarem uma empresa através do programa Minha Primeira Empresa, e pagar pra você 10 mil por mês, quero isso. Ele que vai criar, não sou eu não — disse Bolsonaro — E o que eu falei há três meses está valendo: quem falar em Renda Cidadã, cartão vermelho.

Autor/Veículo: O Globo
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