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Caoa é a segunda a ter híbrido a etanol


A indústria automobilística está dividida. Parte acredita que, no Brasil, a eletrificação só avançará com carros híbridos - que funcionam no modo elétrico ou a combustão e já podem ser produzidos no país. Outra parte prefere seguir a tendência dos países desenvolvidos e ir direto para os 100% elétricos (carregados na tomada), que são importados. A CAOA Chery decidiu apostar nas duas frentes. Vai importar e produzir veículos com as duas tecnologias e, dessa forma, estar preparada, seja qual for o caminho adotado pelo país e mais aceito pelo consumidor. A montadora mostra-se, porém, inclinada a acreditar que o híbrido movido a etanol tende a ganhar espaço.

Esta semana, a empresa que nasceu há cinco anos da união do grupo brasileiro CAOA com a marca chinesa surpreendeu o mercado ao detalhar os planos de eletrificação que vinha enfatizando nas propagandas. Apresentou cinco novos modelos - quatro híbridos e um 100% elétrico. Dois dos híbridos já começaram a ser produzidos na fábrica em Anápolis (GO), os outros virão da China. O elétrico, também chinês, chamado no Brasil de iCar, será o mais barato da categoria. Vai custar R$ 139.990.

A aparente repentina iniciativa, é, na verdade, resultado de um processo que começou a ser amadurecido há seis anos no grupo CAOA e há quatro na divisão Chery, segundo o vice-presidente de operações do grupo, Márcio Alfonso. “Chegamos ao ponto em que não se pode mais avançar na emissão de poluentes com motores só a combustão”, diz Alfonso, um engenheiro mecânico que, antes de entrar na CAOA, há sete anos, acumulou longa experiência na Ford.

A chegada da linha híbrida em Anápolis faz parte do programa de investimento de R$ 1,5 bilhão, anunciado em dezembro de 2020. É resultado também do sonho acalentado pelo fundador da CAOA, o empresário Carlos Alberto Oliveira Andrade, morto em agosto do ano passado. A CAOA torna-se, assim, a segunda montadora a produzir veículos híbridos no Brasil, com os modelos Tiggo 5X Pro e Tiggo 7 Pro. E, assim como a pioneira dessa iniciativa, a Toyota, os híbridos fabricados em Anápolis poderão ser abastecidos com etanol.

“O híbrido deve dominar porque o etanol é um produto estratégico para o Brasil”, diz Alfonso. O país seria, diz o executivo, “lugar adequado” para carros 100% elétricos, visto que detém fonte renovável de energia, com as hidrelétricas, além das boas perspectivas em relação à geração solar e eólica. “Mas o poder aquisitivo do consumidor é baixo”, diz. Além disso, destaca ele, “não está claro, pelo que se vê na Europa, o que fazer com o carro elétrico depois do período de garantia”.

Para o executivo, não adianta trazer carros que poucos possam comprar. Segundo ele, não chega a 150 mil o número de consumidores que compraram veículos acima de R$ 180 mil em 2021. O mercado de novos somou quase 2 milhões. Por isso, a empresa fará uma composição entre híbridos e elétricos e continuará a produzir os modelos a combustão. “Precisamos ter todas as cartas na manga para quando o governo definir quais tecnologias receberão incentivos”, diz.

Os híbridos da Chery vão custar entre R$ 159.990 e R$ 269.990. O mais caro deles, o Tiggo 8 Pro Plug-In Hybrid, importado, será do tipo “plug-in”, um híbrido que além do motor a combustão, permite o carregamento na tomada. A vantagem do modelo é a economia de combustível e melhor controle das emissões. Para ler esta notícia, clique aqui.

Autor/Veículo: Valor Econômico
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