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Com pandemia, PIB do Brasil encolhe 1,5% no 1º trimestre


29/05/2020 - O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro caiu 1,5% no 1º trimestre, na comparação com os 3 últimos meses de 2019, segundo divulgou nesta sexta-feira (29) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado reflete apenas os primeiros impactos da pandemia de coronavírus e coloca o país à beira de uma nova recessão, uma vez que a expectativa é de um tombo ainda maior no 2º trimestre.

Na comparação com o 1º trimestre de 2019, a queda foi de 0,3%.

"A queda do PIB do primeiro trimestre deste ano interrompe a sequência de quatro trimestres de crescimentos seguidos e marca o menor resultado para o período desde o segundo trimestre de 2015 (-2,1%). Com isso, o PIB está em patamar semelhante ao que se encontrava no segundo trimestre de 2012", informou o IBGE, em comunicado.
A retração nos 3 primeiros meses de 2020 interrompe uma trajetória de 3 anos de lenta recuperação da economia brasileira, que já mostrava perda de ritmo na virada do ano, e ainda se encontrava distante do patamar anterior ao do início da recessão de 2014-2016.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.

Após despencar 3,5% em 2015 e 3,3% em 2016, a economia brasileira registrou taxa de crescimento de 1,3% em 2017 e em 2018, desacelerando para um ritmo de 1,1% em 2019. Os resultados dos últimos 3 anos permitiram o PIB do Brasil recuperar apenas o patamar de 2013. Agora, com o choque provocado pela pandemia, a retomada deverá demorar mais para ser alcançada.

O IBGE revisou os dados do PIB de 2019. No primeiro trimestre, cresceu 0,2%, ao invés do resultado nulo divulgado anteriormente. No 2º trimestre, a alta foi mantida em 0,5%. Já nos dois últimos trimestres a revisão foi para baixo: no 3º trimestre, a alta foi de 0,5%, e não 0,6%, e a do 4º trimestre foi de 0,4%, ante 0,5% da divulgação anterior.

A queda no 1º trimestre foi o primeiro resultado negativo para o PIB desde o final de 2018, uma vez que o IBGE revisou os dados do 4º trimestre de 2018 para um recuo de 0,1% ante leitura anterior de estabilidade.

Perspectivas para 2020
Como o resultado do PIB do 1º trimestre refletiu apenas as primeiras semanas de isolamento social e das medidas de restrições para conter o avanço da Covid-19, que começaram em meados de março, a expectativa é de uma retração ainda mais profunda da economia entre os meses de abril e junho, uma vez que indicadores já divulgados mostraram abalos ainda mais profundos, tanto na produção e no consumo como no mercado de trabalho e na renda.

O mercado passou a projetar um tombo de 5,89% para o PIB neste ano, segundo o relatório "Focus" do Banco Central, e a maior parte dos analistas já dá como certa a entrada no país em uma nova recessão, definida tecnicamente por 2 trimestres seguidos de retração da atividade. Caso a expectativa se confirme, será o pior desempenho anual desde 1901, pelo menos.

Os economistas do mercado financeiro baixaram a previsão para o PIB de 2020 nesta semana pela 15ª vez seguida. A nova redução da expectativa para o nível de atividade foi feita em meio ao avanço da pandemia, que tem derrubado a economia mundial e colocado o mundo no caminho de uma recessão.

Nesta semana, o Brasil se tornou o novo epicentro mundial da Covid. Já são mais de 26 mil mortos e quase 442 mil casos confirmados. O Brasil é o segundo país no mundo com o maior número de casos confirmados da doença, atrás dos Estados Unidos.

Autor/Veículo: G1
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