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Comida pressiona e inflação tem alta de 0,24% em agosto

Pressionada por alimentos e combustíveis, a inflação oficial do País subiu 0,24% em agosto. Essa foi a taxa divulgada pelo IBGE ontem para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em relação a julho ocorreu uma queda de 0,12 pontos porcentual. No ano, a taxa está em 0,70% e no acumulado em 12 meses chega a 2,44%. acima dos 2,31% observados nos 12 meses imediatamente anteriores

Após um repique no início da pandemia, provocado por uma corrida da população aos supermercados com receio de desabastecimento, o gasto com o grupo Alimentação e bebidas voltou a pesar no orçamento doméstico em agosto, com uma elevação de 0,78%. Os alimentos para consumo no domicílio, aqueles comprados nos supermercados, tiveram um avanço de 1,15% no mês.

Ainda às voltas com as mudanças de hábitos de consumo em decorrência da pandemia do novo coronavírus, as famílias brasileiras voltaram a gastar mais com alimentação no mês de agosto. Os preços dos alimentos comprados para preparo no domicílio subiram 1,15% no mês. De janeiro a agosto deste ao ano, comer dentro de casa já ficou 6,10% mais caro no total do País, mas esse aumento foi ainda mais salgado em regiões como Salvador e Aracaju, onde a alta de preços superou os 9%.

Cenário ainda benigno. O cenário inflacionário permanece benigno, na visão de economistas, mas, em um momento em que restaurantes, bares e lanchonetes seguem fechados ou com pouco movimento presencial País afora, as famílias têm percebido e se queixado mais dos aumentos de preços de alimentos nos supermercados.

As queixas com o custo da comida são comuns, já que os preços de alimentos têm maior influência

sobre a percepção do público geral em relação à inflação, mas a pandemia de covid19 trouxe um ingrediente adicional ao dar um “choque” nos hábitos de consumo, mudando a cesta de produtos que tipicamente as famílias consomem, afirmou Eduardo Zilbermann, professor do Departamento de Economia da PUC-RIO.

Por causa do distanciamento social, as pessoas estão ficando mais em casa, gastando mais com alimentos para preparo no domicílio do que com bens como roupas e, principalmente, serviços, como salão de beleza, entretenimento e viagens.

O fenômeno, inédito por causa da pandemia, pode ser temporário – daqui a alguns meses, com a pandemia sob controle, talvez as famílias voltem a gastar como sempre fizeram –, mas, se a inflação fosse medida com uma cesta de consumo “tipo covid”, as taxas seriam mais altas.

Os reajustes do mês. Em agosto, houve aumentos nos preços do tomate (12,98%), leite longa vida (4,84%), frutas (3,37%), carnes (3,33%), óleo de soja (9,48%) e arroz (3,08%). Por outro lado, ficaram mais baratos a cebola (-17,18%), alho (14,16%), batata-inglesa (12,40%) e feijão-carioca (5,85%).

O arroz já acumula uma alta de 19,25% no ano de 2020. Em Salvador, já superou 27%. O feijão-carioca, espécie mais consumida pelos brasileiros, está 12,12% mais caro este ano, mas a alta chega a quase 29% no Recife.

Autor/Veículo: O Estado de S.Paulo
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