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Comitê interno da Petrobras dá aval, e conselho deve aprovar novo presidente nesta quinta

O comitê responsável por analisar indicações para a cúpula da Petrobras deu o aval, nesta terça-feira (24), para a nomeação de Jean Paul Prates à presidência da estatal. O indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será apreciado pelo conselho de administração nesta quinta (26).

A avaliação do governo é que, embora o colegiado seja formado majoritariamente por bolsonaristas, não haverá resistência à nomeação. Prates já garantiu os votos de representantes dos minoritários e dos trabalhadores e precisaria de apenas um voto de indicados da União para ter maioria.

A expectativa é que o conselho se mantenha com a formação atual até a assembleia geral ordinária de abril, quando os acionistas da empresa avaliam, entre outras coisas, a aprovação das contas e a destinação dos resultados de 2022.

Ainda não está definida a data da posse, já que o mandato de Prates no Senado ainda não terminou. Mas ele deve começar a anunciar nomes para a diretoria ainda nesta semana, para que os indicados sejam avaliados pelo comitê interno.

Por enquanto, há dois nomes cotados, que também participaram da equipe de transição: o economista William Nozaki, do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis; e Maurício Tolmasquim, que comandou a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) em gestões petistas.

Prates passou os últimos dias em reuniões no Rio de Janeiro, tanto com representantes da estatal quanto com pessoas ligadas ao setor e acadêmicos, com quem discutiu temas relacionados à companhia e possíveis nomes para sua direção, que tem oito membros.

Ele assumirá a Petrobras logo após o primeiro reajuste no preço da gasolina no governo Lula, anunciado nesta terça, decisão criticada pela FUP (Federação Única dos Petroleiros), que indicou representante para a equipe de transição do governo eleito.

Procurado, o futuro presidente da Petrobras preferiu não se posicionar sobre o aumento de 7,4%, que era esperado pelo mercado e, segundo avaliação de importadores e de analistas, não chega a cobrir a defasagem em relação às cotações internacionais.

Prates defende mudanças na política de preços da empresa, eliminando o conceito de paridade de importação, que simula quanto custaria para trazer os produtos do exterior e foi implantado no governo Michel Temer (MDB).

O novo governo quer ainda uma Petrobras mais focada no investimento do que na remuneração aos acionistas, retornando para segmentos abandonados em gestões anteriores, como fertilizantes, petroquímica e energias renováveis.

Em 2022, a Petrobras fechou o primeiro trimestre como a maior pagadora de dividendos do mundo, reflexo de uma política de enxugamento de investimentos e custos, aliada à escalada das cotações internacionais do petróleo após o período mais crítico da pandemia.

Em novembro, um dia depois de divulgar o quarto maior lucro já registrado por uma empresa no país, as ações da companhia despencaram em Bolsas de Valores, diante de temores sobre incertezas políticas e de alterações na política de remuneração ao acionista.

Autor/Veículo: Folha de S.Paulo
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