Notícias

Compartilhamento de carros sobrevive à pandemia

A crise sanitária sem precedentes nos últimos cem anos vai alterar vários setores da economia. O compartilhamento de carros, tendência que se solidifica na Europa, na Ásia e nos Estados Unidos – no Brasil o setor também começa a gerar receita –, não vai passar incólume ao medo que as pessoas têm de entrar em um carro que pode estar contaminado porque acabou de ser usado por um desconhecido.

Estimativas internacionais, entretanto, dão conta que, apesar de algumas gigantes do setor automobilístico terem desistido de alguns mercados regionais de carsharing nos últimos meses – algumas, como a GM, até antes da pandemia –, a tendência do setor continua sendo de alta para os próximos dez anos.

Pesquisa recente feita pela empresa Research and Markets indica que o mercado global para as companhias que operam frotas de carros compartilhados para alugar é da ordem de US$ 2,4 bilhões. E que nos próximos sete anos, mesmo com a pandemia, os negócios em todo o mundo devem crescer na ordem de 20% ao ano.

FROTA LIVRE

Um dos segmentos mais promissores entre os tipos de carsharing que existem, segundo também vários operadores europeus, é o que funciona com a chamada frota livre. Ou seja, a pessoa pode alugar o carro em qualquer lugar, dentro de uma área determinada da cidade, e devolver em qualquer ponto dentro do mesmo perímetro.

Outros modelos de negócio obrigam o usuário a alugar o carro em um ponto e devolvê-lo no mesmo local. Ou ainda, em um terceiro caso, existe a possibilidade de o cliente alugar o veículo em uma das bases do serviço e ter que devolver em qualquer outra base também credenciada pela empresa.

No caso da frota livre, a pesquisa publicada neste mês estima que haverá um crescimento da ordem de 22% ao ano até 2027. Em termos geográficos, o estudo indica que o crescimento será significativo tanto na China, da ordem de 19%, quanto na Alemanha, onde a receita poderá crescer na casa de 15% ao ano. Em termos regionais, os maiores polos de desenvolvimento, segundo o estudo internacional, devem ser China, Austrália, Índia e Coreia do Sul.

TRANSPORTE PÚBLICO
Uma outra pesquisa feita com dezenas de operadores do sistema na Europa, apresentada em um evento científico no início do ano, mostra que o potencial de crescimento do compartilhamento de carros é grande em várias cidades importantes do continente, principalmente se os serviços estiverem conectados com a oferta de transporte público.

Os estudos de caso apresentados pelos pesquisadores envolvem operações em Frankfurt e Bremen, na Alemanhaa; em Bruxelas, na Bélgica; e em Milão e Torino, em solo italiano. A análise que durou meses para ficar pronta foi feita por meio de questionários aplicados a usuários e a não usuários de serviços de compartilhamento de veículos.

“Um aspecto interessante resultante da análise é que o carsharing é um incentivo ao aumento do uso do transporte público local, especialmente onde sua infraestrutura é ampla e difusa”, afirma Andrea Chicco, pesquisadora que analisou os casos da Itália. De acordo com os pesquisadores, políticas públicas regionais que incentivem o uso do transporte público e o compartilhamento de veículos ao mesmo tempo podem ser fundamentais para melhorar a mobilidade urbana e diminuir a poluição do ar. Em algumas cidades investigadas, usuários demonstraram o interesse de abrir mão do carro próprio para usar o transporte público de forma combinada com os serviços de compartilhamento de automóveis.

Autor/Veículo: O Estado de S.Paulo
Compartilhe: