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Controle de preços dos combustíveis tem efeito nefasto, diz diretor da Petrobras

O diretor de Comercialização e Logística da Petrobras, Claudio Mastella, voltou a defender nesta quarta-feira (30) a política de preços dos combustíveis da estatal, que está sob a mira do novo governo eleito em outubro.

Em evento promovido pela FGV no Rio de Janeiro, Mastella afirmou que o "supercontrole" de preços tem efeitos nefastos, como estimular o consumo de determinados produtos e desestimular investimentos.

"Ninguém gosta de pagar preço alto, mas é consequência de atuar num mercado que quer trazer mais atores", afirmou o executivo.

Durante o ano, a Petrobras foi alvo de reclamações do presidente Jair Bolsonaro (PL), cuja popularidade foi fortemente afetada pelos efeitos da escalada dos preços no primeiro semestre.

Bolsonaro trocou dois presidentes da estatal e criticou também acionistas da empresa, que foram beneficiados com dividendos recordes em 2022.

A política de preços é alvo também do novo governo, que promete 'abrasileirar' os preços, hoje definidos de acordo coma as cotações internacionais do petróleo e do câmbio.

Mastella defendeu que a abertura do mercado de combustíveis foi uma decisão do país e que, para funcionar, depende da prática de preços de mercado.

"Para virem ao mercado brasileiro, os novos atores têm que se sentir à vontade e confiantes", afirmou.

A equipe de transição para a área energética do governo Lula já se reuniu uma vez com a direção da Petrobras e, entre os temas da pauta, estava a política de preços dos combustíveis.

Ainda não há, porém, definições sobre como será a nova política —uma das ideias é considerar os custos internos de produção na formação dos preços.

Durante a campanha eleitoral, quando o petróleo passou a cair no mercado internacional, a Petrobras promoveu uma série de cortes nos preços de seus produtos.

Após o primeiro turno, porém, o petróleo voltou a subir mas a empresa não fez reajustes, preferindo operar por meses com defasagem em relação às cotações internacionais.

A situação se reverteu nos últimos dias, diante de temores do mercado com relação a novo avanço da pandemia, principalmente na China.

Segundo a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), na abertura do mercado desta quarta, o preço médio da gasolina nas refinarias brasileiras estava 6%, ou R$ 0,20 por litro, acima da paridade de importação.

No caso do diesel, o preço interno está praticamente alinhado com as cotações internacionais. Mastella não deu entrevista ao fim do evento para comentar a demora por reajsutes.

No evento, representantes do setor de petróleo defenderam estabilidade regulatória para a manutenção de investimentos, embora sem citar especificamente a mudança de governo.

Além da mudança na política de preços, o programa do governo Lula prevê a retomada dos investimentos em refino no Brasil e cancela definitivamente projetos para privatizar a estatal.

Autor/Veículo: Folha de S. Paulo
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