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Desemprego recua para 11,6%, mas salário médio tem queda de 11,4%

O mercado de trabalho brasileiro se aproximou ainda mais do nível anterior à pandemia, com o avanço de 3,2 milhões no total de trabalhadores ocupados, entre formais e informais, em apenas um trimestre. Com mais esse aumento, o total de ocupados (94,9 milhões) no trimestre até novembro ficou praticamente igual ao da virada de 2019 para 2020, antes de a covid-19 chegar ao País. A taxa de desemprego caiu a 11,6%.

No entanto, o tombo recorde de 11,4%, em um ano, na renda média do trabalho reforça que o “novo normal” tem salários menores, já comprometidos pela inflação.

Segundo Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE), que divulgou os dados do mercado de trabalho ontem, a situação não voltou ao patamar anterior à pandemia, pois o contingente de trabalhadores com carteira assinada ainda é menor, assim como o total de ocupados em algumas atividades, como alojamento e alimentação.

Mesmo assim, o fim de 2021 foi marcado por uma “consolidação” da recuperação do mercado de trabalho, com criação generalizada de vagas entre as atividades econômicas e também de empregos formais.

O economista da GO Associados Lucas Godoi destacou que a queda da taxa de desemprego para 11,6% – ante 12,1% no trimestre móvel até outubro e 13,1% no trimestre móvel imediatamente anterior, até agosto – “de fato representa uma melhora do mercado de trabalho, principalmente em relação ao número de pessoas ocupadas, bem próximo ao pré-pandemia”.

SALÁRIO MENOR. No entanto, mesmo as vagas formais, com carteira assinada, estão pagando menos. Com isso, o rendimento médio real habitual do trabalho teve novo recorde negativo – o valor de R$ 2.444 ao mês é o menor da série histórica do IBGE, iniciada em 2012. Tanto a queda de 4,5% em um trimestre quanto o tombo de 11,4% em um ano são recordes.

Conforme a pesquisadora do IBGE, a culpa é tanto da inflação elevada, que corrói o valor de compra dos salários, quanto das remunerações oferecidas pelos empregadores. “Até mesmo os trabalhadores com o carimbo da formalidade estão trabalhando com rendimentos mais baixos”, afirmou Adriana. •

Autor/Veículo: O Estado de S.Paulo
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