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Desemprego vai a 14,4% no final de setembro

A taxa de desemprego no País chegou a 14,4% na quarta semana de setembro, ante 13,7% na semana anterior, o maior resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid (Pnad Covid) – iniciada em maio pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em apenas uma semana, mais 726 mil pessoas passaram a buscar emprego, enquanto outros 647 mil trabalhadores ocupados foram dispensados. O total de desempregados foi estimado em 14 milhões.

O índice foi puxado pela Região Norte, onde 333 mil a mais passaram a buscar uma vaga, e Nordeste, que registrou mais 239 mil desempregados em apenas uma semana. Segundo economistas, a redução no valor do auxílio emergencial – de R$ 600 para R$ 300 mensais – pode ser uma das explicações para o aumento na necessidade de procurar emprego, especialmente nessas duas regiões, que têm uma proporção maior de famílias dependentes do benefício pago pelo governo.

“Não tem como ter certeza absoluta de que a redução do auxílio fez diferença nessa semana específica, mas contribuiu, sim, para o resultado do mercado de trabalho em setembro como um todo. É natural que, mais para o fim do mês, comece a apertar mais o orçamento e as pessoas tenham de buscar trabalho. Mas diversos fatores podem estar contribuindo para essa maior busca por emprego”, opinou o economista Rodolpho Tobler, responsável pelos indicadores do mercado de trabalho do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV).

Além da redução do auxílio, a própria flexibilização das medidas de isolamento social, reabertura de atividades econômicas e recuperação da economia como um todo também explicam esse aumento na busca por emprego, enumerou Marco Antônio Cavalcanti, diretor adjunto de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

“O aumento na taxa de desocupação já era esperado. As pessoas estão voltando ao mercado de trabalho por causa da flexibilização das medidas de isolamento, pela própria economia melhorando, e pode ser que também por causa da redução do auxílio. Se estão procurando mais trabalho nessas duas regiões, pode ser também que esteja havendo uma recuperação de todos esses outros fatores por lá”, avaliou Cavalcanti.

Pela metodologia da pesquisa do IBGE, que segue recomendações internacionais, são consideradas desempregadas apenas as pessoas que efetivamente tomaram alguma iniciativa de procurar emprego. Enquanto o total de desempregados subiu para 14 milhões, o contingente de pessoas trabalhando recuou para 83,043 milhões.

Informalidade. O fechamento de mais de 600 mil vagas na última semana de setembro pode ter sido provocado pela dispensa de trabalhadores formais, uma vez que a taxa de informalidade cresceu de 33,6%, na terceira semana de setembro, para 34,2% na quarta semana do mês.

Apesar das demissões, a tendência do mercado de trabalho permanece sendo de aumento na ocupação, acompanhada também de elevação no número de desempregados, afirmou Maria Lucia Vieira, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE. A expectativa é de redução na população inativa, aquelas pessoas que nem trabalham nem procuram emprego, depois de alcançar níveis recordes durante a pandemia.

“A população ocupada vinha crescendo, e nessa semana teve uma variação negativa. É muito difícil afirmar que postos de trabalho foram destruídos. A expectativa para esse fim de ano seria, a partir de agora, que a ocupação passasse a aumentar, devido às festas de fim de ano, de Natal”, disse ela.

A coordenadora do IBGE ressalta que os indicadores trazidos pela Pnad Covid semana a semana são muito voláteis, e a maioria foi considerado estatisticamente estável na passagem da terceira para a quarta semana de setembro, por estarem dentro da margem de erro da pesquisa. O IBGE decidiu encerrar as divulgações semanais da Pnad Covid, mas manterá a coleta telefônica de informações para garantir as publicações mensais do levantamento até o fim de 2020.

Autor/Veículo: O Estado de S.Paulo
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