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Economia perde fôlego, e prévia do PIB tem crescimento de 0,6% em novembro

A atividade econômica cresceu 0,6% em novembro na comparação com o mês anterior, mostrou o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) divulgado nesta segunda-feira. O resultado veio um pouco acima das expectativas do Ibre/FGV, que projetava avanço de 0,5%, mas confirma o movimento de desaceleração da economia nos últimos meses.

A expansão econômica em novembro foi puxado para cima pelo resultado da indústria, que registrou crescimento de 1,2% no mês, e pelo setor de serviços, que surpreendeu com o avanço de 2,6%, segundo dados do IBGE divulgados na semana passada. As vendas no varejo ficaram estáveis no mês, com pequena queda de 0,1%, apontando perda de fôlego do setor.

Na comparação com novembro de 2019, houve retração de 0,83%, segundo os dados do Banco Central divulgados hoje. No acumulado de 2020, a queda é de 4,6%.

A economista do Ibre/FGV, Luana Miranda, ressalta que a atividade no último trimestre de 2020 sofreu impacto da redução do auxílio emergencial, de uma inflação mais alta, do recrudescimento da pandemia e uma incerteza sobre o processo de vacinação ao longo de 2021.

— A gente viu dois movimentos, a indústria tinha vindo bem pior em outubro, mas deu uma melhorada em novembro e os serviços surpreenderam positivamente em novembro. Já o varejo mostrou essa acomodação mais forte e isso deve continuar acontecendo em dezembro até de forma mais pronunciada.

A velocidade da retomada vem diminuindo nos últimos meses. Após um tombo de 6% em março e uma queda recorde em abril, de 9,5%, os sete meses posteriores foram de números positivos.

Em maio, o crescimento foi de 2,1%, seguido de recuperações maiores em junho e julho, de 5,3% e 2,4%, respectivamente, e uma desaceleração nos últimos três meses, com resultado de 1,8% em setembro e 0,7% em outubro.

Na avaliação de Elisa Machado, economista da ARX Investimentos, a desaceleração na atividade no último trimestre do ano está relacionada ao corte do auxílio emergencial de R$ 600 para R$ 300.

— A economia saiu de um estímulo fiscal em torno de R$ 50 bilhões mensais na primeira fase do auxílio emergencial para alguma coisa inferior a R$ 30 bilhões mensais, o que está fortemente ligada a essa desaceleração.

Além de mostrar uma desaceleração da retomada econômica, o crescimento menor retratado pelo IBC-Br também reflete uma questão estatística. Com uma base de comparação cada vez maior ao longo dos meses, o percentual de expansão vai diminuindo.

O IBC-Br é considerado uma espécie de prévia do PIB por calcular o índice de atividade econômica, mas usa metodologia diferente do IBGE, responsável pelo número oficial.

Ricardo Jacomassi, economista-chefe da TCP Partners, projeta um crescimento de 0,25% no IBC-Br de dezembro e um cenário ruim para o início de 2021. De acordo com o economista, se essa projeção se confirmar é bem possível que a atividade econômica registre queda já em janeiro.

— O que você tem aqui de atividade foi o combustível do auxílio aliado ao descasamento da oferta, da indústria para atender essa demanda que foi originada pelo auxílio. O governo não tem dinheiro racional mais para fazer os auxílios como foi feito antes, isso compromete mais.

Para o ano, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê um tombo de 5,8%, um número significativamente menor do que os 9,1% previstos pelo mesmo órgão em julho. O Banco Central também fez um movimento semelhante, diminuindo sua projeção de queda de 5% para 4,4%.

A última projeção do mercado financeiro para o PIB de 2020 foi publicado no relatório Focus no dia 8 de janeiro. A expectativa era de uma queda de 4,37%, um pouco abaixo da projeção do Ministério da Economia, que calcula retração de 4,5%.

Autor/Veículo: O Globo
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