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Economista faz plano para acelerar corte de emissões

O Brasil pode encurtar em até 15 anos o caminho para uma economia com emissões líquidas zero de gases de efeito estufa, situação essencial para frear o processo de mudança climática global. Esse processo é chamado pelos especialistas de net zero.

A estimativa é do ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy, que estreou o blog do Centro de Debates de Políticas Públicas (CDPP, grupo multidisciplinar que reúne economistas e empresários com o objetivo de elaborar estudos pro-positivos para o País) comum artigo que traz um roteiro para o País alcançar o objetivo. O blog publicará toda segunda-feira artigos vinculados a dez grandes séries com propostas para o futuro brasileiro neste ano de eleições.

Por sugestão do empresário Pedro Passos, cofundador da Natura, o ex-ministro preparou um documento de 17 páginas com as bases de uma agenda climática para acelerar essa travessia, batizada de Novo Desenvolvimento Brasileiro.

“É totalmente factível chegarmos entre 2035 e 2040, bem antes das economias avançadas”, diz. Segundo Levy, o Brasil tem vantagens que permitiriam fazer essa transição para o carbono zero com menos custos, sem inflação, com forte geração de emprego e potencial para gerar um grande ciclo de crescimento verde.

A União Europeia e os EUA se comprometeram a ser net zero até 2050, e o governo brasileiro manifestou a intenção de fazer o mesmo. A China diz que vai zerar as emissões em 2060.

Na sua avaliação, essa rota pode ser uma espinha dorsal para o crescimento econômico inclusivo nos próximos anos. Um ponto central apontado por ele é que as escolhas tomadas agora podem baixar o custo de capital e impulsionar a criação de bons empregos no Brasil, como já vem ocorrendo com o avanço dos investimentos em energia solar e eólica.

Para chegar ao net zero, o Brasil teria de eletrificar o transporte e outras atividades, diminuir as emissões da pecuária (via manejo de pastagem) e da agricultura (acumulando carbono no solo) e, principalmente, parar de desmatar, passando a regenerar pelo menos 20 milhões de hectares de florestas, entre outros pontos (mais informações nesta página).

Levy diz acreditar que o setor financeiro terá um papel crucial na viabilização dessa transição, notando o interesse do segmento nos créditos de carbono e a orientação do Banco Central para a identificação da exposição dos bancos a riscos climáticos – que deverá ser tratada a partir do ano que vem, assim como a oferta de produtos alinhados ao tema, como fundos indexados a mercados regulados de carbono.

CONTRIBUIÇÃO. Persio Arida, presidente do CDPP e ex-presidente do Banco Central, afirma que o blog é uma maneira de contribuir para o debate de ideias. Ele lista os outros temas da série: Reformas no Mundo Público; Corrupção e Desenvolvimento; Educação e o Futuro; Desigualdade; Cultura – Construindo uma Nação; Moedas Digitais Públicas e Privadas; Segurança Pública: Mitos e Fatos; Educação e Mercado de Trabalho, além de Economia do Clima.

“O CDPP é apartidário, e a ideia é oferecer novas ideias, em temas que vão além do tradicional, não só teto de gastos e política monetária”, ressalta. “O momento é propício porque não está ainda no calor do debate eleitoral, o que é bom”, acrescenta.

Passos conta que a sugestão sobre a retomada verde do estudo partiu da sensação de que o Brasil tem uma grande oportunidade pela frente para estabelecer uma nova inserção na economia internacional e recuperar setores industriais e outros que estão com baixa produtividade: “Algumas decisões importantes precisam ser tomadas logo”, afirma. •

Autor/Veículo: O Estado de S.Paulo
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