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Energias renováveis aumentam oferta global de empregos


O reposicionamento estratégico das petroleiras, frente à transição energética para uma economia de baixo carbono, promete trazer mudanças profundas não só nos negócios, mas também para o futuro de dezenas de milhões de trabalhadores. A expectativa é que a indústria de óleo e gás comece a encolher, a partir das próximas décadas, diante do declínio esperado na demanda por petróleo e seus derivados. Por outro lado, novos empregos devem surgir, à medida que as renováveis se consolidem.
A Agência Internacional de Energia Renovável (Irena, na sigla em inglês) estima que, diante da intensificação dos compromissos globais de descarbonização desde o ano passado, a agenda pós-covid-19 pode criar 5,5 milhões de empregos relacionados à transição energética, no mundo,entre 2021 e 2023. A previsão é que o mercado de trabalho no setor de renováveis cresça mais de 2,5 vezes até o fim da década, no mundo, dos 11,5 milhões de postos em 2019 para 30 milhões em 2030.
O que resta saber é se, num cenário de mais longo prazo, a geração de novos “empregos verdes” será suficiente para compensar as perdas esperadas no mercado de trabalho da indústria petrolífera.
A Irena estima que as renováveis criam até três vezes mais empregos do que os combustíveis fósseis, para cada milhão de dólares gastos. Um estudo recém-publicado pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo (Ineep), vinculado à Federação Única dos Petroleiros (FUP),alerta, contudo, que ainda há incertezas sobre a qualidade e renda para o trabalhador dessa indústria crescente - bem como qual será a participação do Brasil nas cadeias globais de valor.
O mercado brasileiro é, hoje, o segundo que mais emprega pessoas na indústria global de renováveis. Segundo a Irena, em 2019 cerca de 1,15 milhão de trabalhadores estavam empregados no setor, no Brasil, menos apenas que os 4,36 milhões da China. Enquanto no mercado brasileiro o setor que mais emprega é o de biocombustíveis, no mundo é a fonte solar.
Capitaneada pela China, a Ásia concentrará 64% do emprego na indústria de renováveis em 2050, segundo a Irena. “É um reflexo das cadeias globais de valor. A indústria, hoje, está na Ásia, não vejo muitas alterações nessa estrutura”, diz o coordenador técnico do Ineep, Rodrigo Leão.
Segundo ele, existem dúvidas sobre como a cadeia de renováveis pode potencializar a indústria no Brasil e sobre seu efeito multiplicador para a economia. “Hoje há uma tenência, principalmente no mercado de solar, de forte importação de equipamentos da China, com empregos muito focados na prestação de serviços [de instalação de painéis]. A eólica, por sua vez, já tem uma indústria local mais relevante”, afirmou.Para ler esta notícia, clique aqui.

Autor/Veículo: Valor Econômico
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