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"Falamos em 'ESGE', com um E de Economics"

A Cosan é dona de marcas importantes que prestam serviços essenciais para o País, como a Comgás, a Raízen (postos Shell) e a Rumo Logística. A pandemia causou dois impactos no dia a dia dessas empresas: mesmo com a redução drástica do consumo, todas mantiveram o pleno funcionamento para abastecer cada uma das cadeias. Os números refletem esse momento. A receita líquida do terceiro trimestre deste ano recuou 6,9%, para R$ 17,5 bilhões, e o lucro líquido despencou 63%, para R$ 304 milhões.

Em compensação, a geração de caixa, medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação a amortização) aumentou 6%, para R$ 1,7 bilhão. “Voltamos para um patamar mais perto da normalidade em Ebitda por conta da gestão de cada um dos negócios”, diz Paula Kovarsky, diretora de relações com investidores e do escritório de Nova York da Cosan.

• No terceiro trimestre, a geração de caixa (medida pelo Ebitda) é o dado mais importante para o investidor avaliar do que o lucro líquido?

O lucro não é o indicador que olhamos, porque no final das contas a holding tem vários negócios, cada um com suas dinâmicas particulares. A gente realmente foca mais no Ebitda. Olhando especificamente para ele, conseguimos na combinação dos nossos ativos chegar bem perto do que seria a normalidade, seja lá o que ‘normalidade’ signifique hoje.

• Poderia dar mais detalhes sobre essa normalidade?

A razão disso ser possível é a retomada dos volumes na Comgás, especialmente industrial, a retomada de volumes em todos os países de atuação da Moovie, atrelado a uma estratégia comercial de suplementos super assertiva. Mesmo no setor de distribuição, em que vimos uma retomada de demanda em alguns dos segmentos, mas outros sofrendo muito ainda, como o de aviação, mesmo assim nós conseguimos resultados importantes. Por fim, temos o nosso setor de açúcar e etanol, que já imaginávamos que seria menos afetado pela crise. Em resumo, nós voltamos para um patamar mais perto da normalidade em Ebitda por conta da gestão de cada um dos negócios, mas também por conta da combinação deles.

• Quais são as perspectivas para 2021?

Se olharmos para os últimos dez anos, se teve uma coisa que não tivemos no Brasil foi estabilidade. Teve ano em que o PIB foi para cima, para baixo, para o lado, cenários políticos desafiadores, momentos externos variados, e o que a gente viu foi o crescimento contínuo e consistente do que a gente chama de ‘Ebtida sob gestão do grupo’. Esse Ebitda é a forma de olharmos 100% todos os negócios que controlamos. Ao olharmos dessa forma, a participação da Cosan nesses negócios variou no tempo, mas eles foram geridos por nós. Se você olhar esse gráfico de ‘Ebtida sob gestão’, ele cresceu consistentemente. Aliás, o que ele não vai crescer em 2020 é essencialmente em função das perdas na pandemia, que é uma turbulência fora de qualquer padrão. Por isso, quando olhamos para 2021 temos talvez menos certezas sobre qual vai ser o cenário macro, mas temos uma enorme certeza de que esse portfólio vai ser capaz de ter um desempenho melhor, seja qual for o cenário.

• Como a sra. avalia a necessidade de adoção de uma agenda mais sustentável?

Nós temos nos posicionado cada vez mais nessa agenda de sustentabilidade. Temos a convicção muito forte que o nosso portfólio está muito bem ajustado para criar valor nesse ambiente, que valoriza as coisas que acreditamos. Sempre falamos nesse conceito de ‘ESGE’, que é com um E a mais, de Economics, como sendo um quarto pilar de sustentabilidade, e olhamos para isso de verdade como mecanismo de criação de valor para o futuro. Essa é uma agenda que sempre esteve forte na Cosan e agora ficamos ainda mais felizes porque o assunto está tendo cada vez mais eco.

• O que pode esperar dos resultados da Cosan neste segundo semestre?

Quando olhamos para o segundo semestre de 2020 estamos olhando para uma performance do nosso portfólio que não é muito diferente do que era a expectativa dessa performance antes da covid-19. Claro, com as suas variações. Entre os segmentos, tem coisa que está indo melhor, tem coisa que está indo pior, mas. quando olhamos o todo nós realmente conseguimos nos estruturar para capturar a retomada de demanda onde teve retomada de demanda, e novas oportunidades onde elas apareceram.

Autor/Veículo: O Estado de S.Paulo
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