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Gasolina e diesel alcançam maior valor real em 20 anos

O preço médio da gasolina vendido nos postos de gasolina brasileiros superou a máxima real (considerando a correção pela inflação) de 2003 e atingiu em novembro o maior valor em 20 anos. O levantamento do Poder360 considera os dados da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

A agência atualiza semanalmente os valores médios ofertados nos postos de combustíveis. No último resultado, foram pesquisados 4.733 estabelecimentos. O preço médio cobrado pela gasolina no país foi de R$ 6,71. O valor é o maior da série da ANP em 20 anos, em termos reais. O recorde anterior era o de fevereiro de 2003.

Ao atualizar os dados pela inflação, o litro da gasolina que custava R$ 2,22 em fevereiro de 2003 vale –a preços atuais– R$ 6,41. O patamar agora é o 3º mais alto da história, atrás dos preços médios de outubro (R$ 6,42) e o valor mais recente de novembro (R$ 6,71) de 2021.

Diesel acima dos R$ 5

[O preço médio do diesel também superou as máximas históricas, ao considerar os valores mensais corrigidos pela inflação. O litro do combustível passou dos R$ 5 pela 1ª vez recentemente: atingiu R$ 5,09 em outubro e R$ 5,34 em novembro.

Antes dos aumentos de 2021, o maior preço do diesel foi o de outubro de 2005. O litro do combustível era vendido a R$ 1,88 à época, o equivalente a R$ 4,55 em valores corrigidos pela inflação. Em maio de 2018, na greve dos caminhoneiros, o litro do diesel custava em média R$ 4,40 em termos reais.

O Poder360 considerou o preço médio mensal cobrado no país desde o início da série histórica da ANP, em julho de 2001. Corrigiu os valores pela inflação acumulada até outubro de 2021.

Preços nos Estados

No Acre, o litro do diesel tem preço médio de R$ 6,50 e chega a ser vendido por até R$ 6,70 –o mais caro do país. Em todos os outros Estados, o preço médio ultrapassa os R$ 5.

No caso da gasolina, o preço médio mais caro vem do Rio Grande do Norte (R$ 7,23) e o mais barato do Amapá (R$ 5,89). Segundo dados da ANP, o maior preço praticado atualmente no país é de R$ 7,99, encontrando no Rio Grande do Sul, e o menor é de R$ 5,29, em São Paulo.

Petróleo volta a US$ 80

O aumento dos preços dos combustíveis ocorre em meio à alta dos preços internacionais do petróleo. O barril tipo brent foi para US$ 82,57 na 4ª feira (10.nov). Fechou outubro em US$ 84,38, o maior valor mensal desde o mesmo mês de 2014.

O analista do banco UBS, Luiz Carvalho, disse que o preço do barril de petróleo deve se manter num patamar elevado nos próximos anos, de US$ 60 a US$ 80 dólares. Para ele, o petróleo não vai ser substituído daqui a 2 anos por energia sustentável. “Esquece”, afirmou.

Luiz Carvalho falou que todas as commodities (açúcar, milho, soja e outros) subiram no pós-pandemia e estão próximas das cotações máximas. Segundo ele, a renda da população está sendo corroída pela inflação de modo geral.

“Discute-se muito o preço do diesel e da gasolina com o intuito de que o governo tenha alguma coisa para fazer. Na minha opinião, o governo não tem o que fazer. Esses preços são independentes”, disse o analista.

A Petrobras segue a cotação internacional do petróleo para reajustar os preços dos combustíveis no Brasil. Como mostrou o Poder360, a estatal reajustou a gasolina 15 vezes em 2021, sendo 11 aumentos e 4 reduções. O diesel foi reajustado em 12 ocasiões, sendo 9 aumentos e 3 reduções.

Segundo os dados de inflação do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a gasolina ficou 38,29% mais cara nos 10 meses de 2021. O diesel subiu 36,32% no acumulado do ano. Os combustíveis puxam a inflação, que acumula alta de 10,67% nos 12 meses encerrados em outubro.

Autor/Veículo: Poder 360
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