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Guedes aguarda ajuste fiscal para decidir seu futuro no governo

-Depois de ter sido derrotado na negociação que culminou na troca de comando da Petrobras imposta pelo presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, aguarda a votação no Congresso de medidas de ajuste fiscal para definir seu futuro no governo.

Segundo interlocutores, o episódio na estatal não deve fazer com que Guedes deixe o posto neste momento, mas a aprovação de propostas que tramitam no Congresso para controlar as contas públicas é considerada decisiva para que ele se mantenha no cargo.

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Na avaliação de um amigo próximo, a perspectiva de deixar como legado um arcabouço que impeça o crescimento descontrolado de gastos públicos é o principal fator que mantém o ministro no cargo, apesar dos desfalques que sofreu no time e da falta de perspectiva em relação ao seu projeto liberal.

A forma pela qual o Executivo vai encaminhar a prorrogação do auxílio emergencial deve influenciar no processo. A expectativa é que o ministro quebre o silêncio que adotou na crise com a petroleira a partir de segunda-feira para “botar os pingos nos is”, na avaliação de um amigo próximo.

Despesas como alvo
Desde que assumiu o cargo, Guedes estabeleceu como alvo principal o controle das despesas do governo. Em seu discurso de posse, o ministro disse que o Brasil foi “corrompido pelo excesso de gastos”. O plano para travar esse processo começou com a aprovação da reforma da Previdência e cortes na taxa de juros, mas foi travado pela dificuldade em diminuir gastos com servidores públicos.

A reforma administrativa ficou parada na gaveta de Bolsonaro por um ano e só foi enviada no ano passado, em versão desidratada.

Entre muitas crises causadas pelo distanciamento de Bolsonaro do receituário liberal e pela dificuldade de emplacar sua pauta no Congresso, a que mais ameaçou a permanência do “Posto Ipiranga” no cargo foi o impasse sobre a medida que travou gastos com servidores até o fim deste ano, como contrapartida ao auxílio a estados e municípios.

O congelamento só foi confirmado após idas e vindas no Legislativo, que quase derrubou o veto presidencial que garantia o freio nas despesas.

Ao mesmo tempo em que aguarda pelas reformas, Guedes deve ver mais aliados na mira de futuras trocas no governo. Segundo fontes, a ala militar e parlamentares pressionam para que ao menos dois nomes da sua equipe deixem os cargos: Waldery Rodrigues, secretário especial de Fazenda; e George Soares, secretário de Orçamento Federal.

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Os pedidos ocorrem ao mesmo tempo em que há a tentativa de recriar o Ministério do Planejamento, pasta responsável por liberar recursos que foi englobada pelo Ministério da Economia, criado pelo governo Bolsonaro.

Caso as baixas na equipe se confirmem, o ministro verá crescer o que ele classificou de “debandada” no ano passado, quando Paulo Uebel (Gestão e Governo Digital) e Salim Mattar (Desestatização) deixaram os cargos, insatisfeitos com os rumos do governo.

‘Parecido com Dilma’
Nas redes sociais, ex-auxiliares saíram em defesa da agenda liberal e criticaram Bolsonaro pela interferência na Petrobras. “Nunca o governo Bolsonaro foi tão parecido com o governo Dilma como hoje. Nesse momento, Guido Mantega faria absolutamente o mesmo que Paulo Guedes está fazendo. Essa similaridade deve arrepiar qualquer cidadão de bem!”, escreveu Uebel.

Já Mattar classificou a troca no comando da estatal como “lastimável” e disse que estava “indignado”. “Essa nova interferência na Petrobras só confirma que é preciso privatizar TODAS as estatais e, assim, reduzir o tamanho do Estado”, postou o ex-secretário.

Autor/Veículo: O Globo
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