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Ibovespa: petróleo cai com força e pode prejudicar recuperação da bolsa

Mercados voltam a operar com certa cautela a poucos dias da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). Por aqui, não é diferente também antes do Copom, na quarta-feira que vem.

Alguns dados de atividade dos Estados Unidos informados hoje amenizam um pouco o clima tenso instaurado nesta semana sobretudo após a surpresa com o CPI mais forte. No entanto, o petróleo cai com força, o que pode prejudica a recuperação do Ibovespa, ainda que sinais da China e dados de atividade do Brasil sejam fatores positivos.

As vendas no varejo nos EUA tiveram inesperada alta de 0,3% em agosto ante julho, enquanto o índice de atividade industrial Empire State subiu mais que o esperado em setembro. Já a produção industrial do país cedeu 0,2% em agosto, ante previsão de estabilidade de analistas.

Na opinião de Francisco Levy, estrategista-chefe da Empiricus Investimentos, os mercados estão meio assustados, após sinais divergentes do Fed. Ele recorda que há cerca de um mês havia crescido a percepção de recessão nos Estados Unidos, com a autoridade monetária adotando um tom mais duro no simpósio de Jackson Hole. Depois, foi para uma linha menos austera, levando os mercados à euforia. “Foi um movimento violento”, avalia.

Agora, nesta semana, cita Levy, a alta inesperada do índice de preços ao consumidor americano em agosto levou as bolsas a uma realização de lucros, devolvendo parte dos ganhos recentes, dos últimos cinco dias, na esperança de queda nos preços dos combustíveis. “O mercado fica meio perdido com tudo isso. Por um lado, tem o pessimismo com o Fed, com recessão e impacto nas margens das empresas”, diz, completando que, de outro, há sinais de alívio inflacionário lá na frente. “Fica nessa volatilidade, sem intensidade nem para cima, nem para baixo”, explica Levy.

No Brasil, o IBC-Br cresceu mais do que o esperado pelo mercado e o Ministério da Economia elevou sua projeção para o PIB deste ano, de 2,00% para 2,70%, mas manteve em 2,50% para o ano seguinte. Ainda reduziu a estimativa para o IPCA de 2022, de 7,20% para 6,30%, mantendo a de 2023 em 4,50%. Ontem, o Ibovespa fechou em baixa de 0,22%, aos 110.546,67 pontos.

Já a China deu mais indícios de que está vigilante, tentando estimular sua economia, o que já surtiu efeito no minério de ferro, que subiu hoje, pelo menos em Dalian.

“O dia parece um pouco melhor, mas vai depender da agenda da reação aos indicadores”, diz o economista Álvaro Bandeira, consultor de Finanças. Acrescenta que o índice Bovespa tem de tomar cuidado para não ceder para o nível dos 109 mil pontos, sob pena de acelerar mais as quedas. Na mínima diária, cedeu 0,42%, aos 110.078,46 pontos. Na máxima, marcou 111.100,41 pontos, em alta de 0,50%.

No entanto, investidores mantêm certa parcimônia, em meio a perspectivas de sinais duros pelo Fed após o encontro de política monetária na semana que vem. Para a decisão da próxima semana, as estimativas majoritárias são de alta de 0,75 ponto porcentual nos FED funds. Após queda, as bolsas americanas testam alta.

Na Europa, os sinais são divergentes, com preocupação com juros e inflação. Hoje, o vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, fez novos alertas, ao dizer que a zona do euro enfrenta uma perspectiva desafiadora e que a projeção é de inflação inaceitavelmente alta neste e no próximo ano.

De acordo Bandeira, os investidores continuam temendo um quadro de estagflação nos EUA e desaceleração das economias europeias. Diante de sinais cada vez evidentes de que o gigante asiático não atingirá sua meta de crescimento de 5,5% este ano, o Banco do Povo da China (PBoC, o BC chinês) voltou a colocar recursos na economia logo após a Fitch cortar a previsão de expansão do PIB do país para 2,8%.

O banco central da China injetou 400 bilhões de yuans (US$ 57,45 bilhões) por meio do instrumento financeiro, mantendo sua taxa de um ano para linha de crédito de médio prazo em 2,75%, além de fazer uma injeção de 2 bilhões de yuans em liquidez por meio de acordos de recompra reversa de sete dias.

Às 11h27 (15/09), o Ibovespa cedia 0,11%, aos 110.344,19 pontos.

Autor/Veículo: O Estado de São Paulo
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