demanda por proteínas. A carne bovina saltou 29,9%. O porco subiu 17,8%. O açúcar teve alta de 11%, o leite ficou 20,5% mais caro. O resultado é que a alimentação está tomando um pedaço maior no orçamento das famílias.
A meta para o IPCA deste ano é 4%. E a previsão no Focus é que o IPCA fechará 2020 em apenas 1,78%. Braz conta que alguns preços funcionam como uma âncora e não deixam o índice do IBGE disparar. Os planos de saúde, por exemplo, não terão reajustes este ano. A gasolina, com a demanda menor na pandemia, teve deflação em abril e maio. Serviços como cinema e restaurantes ficaram fechados no período de isolamento, e não subiram os preços. Essa situação ajuda a manter o IPCA baixo. Mas afeta muito pouco o orçamento dos mais pobres. O grupo de baixa renda, que é a maioria da população, gasta mais com alimentação em casa, e essa está mais cara.
Hoje há um descolamento entre os preços ao consumidor, que se mantém na média próximos aos 2% de alta em um ano, e o IGP-DI, da FGV. O indicador é mais amplo, tem um peso maior do câmbio porque considera a inflação do atacado. Em 12 meses, o índice acumula alta de 15,2%. O professor Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio, explica que a disparada não deve se repetir no IPCA. A alta do dólar fez disparar o preço do minério de ferro, que saltou 17,1% em julho após avançar 9,2% em junho. O produto foi um vilão do IGP-DI, mas não atinge diretamente o orçamento das famílias. Cunha registra que, com a forte recessão da economia, essa diferença entre os índices deve se manter até o fim do ano.