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Inflação já pressiona os resultados das empresas

A escalada da inflação e dos juros já vem mostrando reflexos na temporada de balanços do terceiro trimestre e nas estimativas para os últimos três meses deste ano. O repasse do aumento nos custos da cadeia de produção está provocando uma retração do consumo da população, especialmente entre as camadas de menor renda, com impacto direto nas receitas das companhias de vários setores, segundo executivos.

O aumento dos custos de matéria-prima pressionou as margens de lucro no período de julho a setembro de parte das empresas que publicaram suas demonstrações financeiras - cerca de 30. A fabricante de calçados Grendene, por exemplo, destacou na apresentação de resultados a alta nos preços da resina de PVC, motivada pela escassez de contêineres e a crise energética na China. A Alpargatas foi outra varejista que chamou a atenção para a pressão de custos. Roberto Funari, presidente da fabricante da Havaianas, afirmou que a alta nos custos vai gerar deterioração da margem bruta, a diferença entre a receita e os custos.

Apesar de seu balanço ter sido elogiado pelo mercado, com um robusto volume de vendas, a Ambev e sua controladora, AB InBev, manifestaram preocupação com a alta nos insumos e não descartam novos reajustes nos produtos.

“Inflação não tem chegado via aumento de demanda, mas sim por custos”, disse o diretor comercial do Assaí, Wlamir dos Anjos, durante teleconferência de resultados da rede de atacarejo, que identificou uma aceleração do movimento de troca por produtos mais baratos pelos clientes. Os sucessivos aumentos de preços no setor de alimentação também impuseram resultados piores ao Grupo Pão de Açucar, que passou de lucro a prejuízo no trimestre.

Além da inflação, o processo de elevação da taxa básica de juros, a Selic, que está em 7,75% ao ano e ruma para chegar aos dois dígitos nos próximos meses, deve começar a impactar mais fortemente os resultados das empresas.

Autor/Veículo: Valor Econômico
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