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Investimento em energia verde e o futuro de Angra 3

O destino da energia é inexorável. Substituir a energia “marrom” – baseada em combustíveis fósseis – por energia “verde” é uma questão de vida ou morte para o meio ambiente e, logo, para a existência humana. A transição, contudo, é marcada por desafios.

A energia global é cada vez mais baseada na eletricidade. Segundo a Agência Internacional de Energia, uma trajetória compatível com os objetivos do desenvolvimento sustentável exigiria que até 2040 85% da eletricidade global venha de fontes limpas. Hoje são apenas 36% e a expansão precisaria ser três vezes maior do que a atual.

As fontes renováveis – como a eólica ou a fotovoltaica – continuarão a liderar a caminhada. Mas as usinas nucleares podem contribuir de inúmeras maneiras. A principal vantagem é que elas são estáveis e podem limitar os impactos das flutuações sazonais das fontes renováveis e promover a segurança energética reduzindo a dependência dos combustíveis importados.

O Brasil já tem a segunda matriz energética mais limpa do mundo e, dadas as suas condições geográficas, as perspectivas são promissoras. Neste cenário, a energia nuclear tem um valor estratégico. Daí a importância de concluir a usina de Angra 3. É a obra de infraestrutura mais cara do País, acumulando 30 anos de paralisações e R$ 9 bilhões em dívidas. Para ser concluída, depende de mais R$ 15 bilhões. A dificuldade está em contrair novos empréstimos. Mas abandoná-la não é uma opção viável: o custo seria da ordem de R$ 12 bilhões.

Como disse ao Estado Nivaldo de Castro, do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da UFRJ, “concluir Angra 3 é uma decisão de governo, mas que passa por uma política de Estado”. Além de definições políticas que envolvem a privatização da Eletrobrás, a retomada de Angra 3 depende da entrada de um sócio privado.

Atualmente, a Eletrobrás trabalha na estruturação do financiamento para que a usina possa receber uma empresa para finalizar a construção por contrato de EPC (Engineering, Procurement and Construction). A perspectiva é publicar o edital em 2021 para iniciar as obras em 2022, de forma que a usina entre em operação em 2026. Além disso, é preciso operacionalizar a capitalização da Eletrobrás. Cuidar desse processo com o devido esmero é um imperativo não só econômico, mas ambiental.

Autor/Veículo: O Estado de São Paulo
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