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IPCA-15 surpreende e fica em 0,51% em maio, abaixo do esperado pelo mercado

Apesar das pressões de alimentos, plano de saúde e medicamentos mais caros, a prévia da inflação oficial no País desacelerou em maio. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) arrefeceu de 0,57% em abril para 0,51% neste mês, a alta mais branda desde outubro de 2022, divulgou nesta quinta-feira, 25, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado ficou perto do piso das estimativas dos analistas do mercado financeiro consultados pelo Projeções Broadcast, que esperavam uma alta entre 0,48% a 0,72%, com mediana de 0,65%. A taxa do IPCA-15 acumulada em 12 meses desacelerou de 4,16% em abril para 4,07% em maio, completando assim 12 meses seguidos de redução.

“Traz o otimismo de volta”, avaliou a economista Andréa Angelo, estrategista de inflação da corretora de valores Warren Rena. “É como se estivéssemos esquecendo o que aconteceu em abril. Parece que voltamos para a rota de descompressão do IPCA de março na parte qualitativa.”

Após a surpresa de baixa, o Banco Cooperativo Sicredi reduziu suas estimativas para o IPCA fechado de maio, de 0,51% para 0,46%.

“O processo de desinflação segue como o esperado, com um comportamento mais benigno dos bens duráveis agora e uma dificuldade maior para a desinflação de serviços”, afirmou o economista-chefe do Sicredi, André Nunes de Nunes.

Os aumentos no leite longa vida (6,03%), tomate (18,82%) e plano de saúde (1,20%) responderam juntos por 30% do IPCA-15 de maio. Somando ainda o impacto dos medicamentos, chega-se a quase metade da inflação do mês.

Os gastos das famílias brasileiras com Saúde e cuidados pessoais tiveram uma alta de 1,49% em maio. A maior pressão partiu do aumento de 2,68% nos produtos farmacêuticos, após a autorização do reajuste de até 5,60% nos medicamentos, a partir de 31 de março. O plano de saúde aumentou 1,20% em maio, ainda incorporando as frações mensais dos reajustes dos planos novos e antigos para o ciclo de 2022 a 2023. Os itens de higiene pessoal subiram 1,38%, influenciados, principalmente, pelos perfumes (2,21%).

Já o grupo alimentação e bebidas teve uma elevação de 0,94% em maio. Os alimentos para consumo em casa ficaram 1,02% mais caros.

“Isso pode ser resultado da demanda aquecida, devido aos últimos reajustes do salário mínimo e da ampliação do Bolsa Família”, comentou Nunes, do Sicredi.

Além do tomate e do leite longa vida, também houve altas expressivas na batata-inglesa (6,60%) e no queijo (2,42%). Por outro lado, houve reduções no óleo de soja (-4,13%) e nas frutas (-1,52%). Uma nova queda nos preços das carnes, -0,40%, também impediu uma aceleração maior no ritmo de aumento dos gastos das famílias com alimentação em maio. As carnes já acumulam um recuo de 3,47% de janeiro a maio deste ano.

Os preços das passagens aéreas caíram 17,26%, item de maior impacto negativo no IPCA-15 deste mês, -0,12 ponto porcentual de contribuição para a inflação de maio. Houve queda ainda nos preços do óleo diesel (-2,76%), gás veicular (-0,44%) e gasolina (-0,21%), embora o etanol tenha aumentado 3,62%.

Os Artigos de residência ficaram 0,28% mais baratos. Os itens de TV, som e informática caíram 1,44%, influenciados pela redução de preços dos televisores (-2,21%). Já os eletrodomésticos e equipamentos recuaram 0,92%, puxados pelas quedas do refrigerador (-1,37%) e da máquina de lavar roupa (-1,09%).

A desaceleração do IPCA-15 de maio mostra uma composição benigna, opinou a economista do Itaú Unibanco Luciana Rabelo. “O processo de desinflação segue em curso”, comentou Rabelo.

A economista avalia que os últimos cortes nos preços dos combustíveis nas refinarias da Petrobras devem resultar em nova contribuição baixista para a inflação em junho, mais do que compensando a mudança na alíquota do ICMS, que passará a valer a partir do próximo dia 1º. Rabelo projeta que a gasolina, item de maior peso na cesta de consumo das famílias, registre deflação no IPCA fechado de maio e de junho.

“Mas em julho, devemos ter a reonoeração integral do PIS/Confis, então os combustíveis vão voltar a acelerar”, ponderou a economista do Itaú Unibanco, que mantém a estimativa de IPCA a 5,8% ao final do ano. “No acumulado em 12 meses, o índice deve seguir desacelerando até junho, quando a variação deve chegar próximo de 3,7% e então reacelerar pelo efeito base (de comparação baixa)”, completou.

Autor/Veículo: O Estado de São Paulo
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