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Não é só no posto: como gasolina cara já afeta até o preço do delivery

O impacto do aumento do preço do combustível fica evidente para os brasileiros a cada parada no posto, mas a alta pode pesar ainda mais em outros serviços. Entre maio de 2021 e abril de 2022, o preço da gasolina subiu 31,22%, do etanol, 42,11% e do diesel, 53,58%, de acordo com dados do IBGE.

Por outro lado, o transporte por aplicativo ficou 67,18% mais caro no mesmo período. As passagens aéreas subiram até 62% desde janeiro e o custo das entregas de delivery chegou a dobrar de preço em abril. Já as tarifas de ônibus estão passando por ajustes em todo o país.

O economista Igor Lucena explica que o impacto do preço do combustível não impacta, necessariamente, somente os serviços que utilizam a commodity diretamente.

"No Brasil, o combustível está atrelado a toda a cadeia de comércio e serviços, porque é por meio terrestre que a maioria dos produtos é transportada. De uma maneira geral, a bomba de gasolina e diesel impacta em toda a nossa cadeia e chega na inflação como um todo", alerta.

Christianne Bariquelli, superintendente de educação da B3, explica que na economia, o preço dos combustíveis afeta diversas cadeias de produção.

"Isso significa que, quando a gasolina e o diesel sobem, inúmeros produtos e serviços que fazem uso desses materiais sobem junto. O resultado é que, independentemente de você ter ou não um carro próprio, provavelmente sua vida financeira será impactada pela alta recente. A maior parte dos produtos que consumimos chega até a nossa mesa trazida por veículos pesados, movidos a diesel", explica.

Como fica mais caro movimentar os produtos, é natural que os custos sejam repassados ao consumidor final. "Nem os alimentos básicos costumam escapar. É o caso de frutas, verduras e até os pães, que são afetados pelo preço do trigo. Não é à toa que muita gente tem se assustado ao fazer feira ou supermercado."

Reação em cadeia
Entre maio de 2021 e abril de 2022, a inflação acumulada no transporte por aplicativo, de acordo com o IBGE, foi de 67,18%. Já em março, os entregadores de delivery reivindicaram aumento da renda aos aplicativos.Como resposta, o iFood, maior plataforma de delivery do país, concedeu um aumento de 50% no valor mínimo por quilômetro rodado, de R$ 1 para R$ 1,50, e outro de 13% no valor da rota mínima (a menor quantia que recebem por uma entrega), de R$ 5,31 para R$ 6.

Os preços médios dos bilhetes de ida e volta de passagens aéreas para os destinos nacionais mais procurados subiram até 62%, de acordo com o site de busca Kayak.

De acordo com a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), os aumentos do diesel em 2022, já gerou um impacto acumulado nas tarifas de ônibus de 15,4% O combustível é o segundo maior custo do setor de transporte coletivo urbano por ônibus, segundo a NTU, respondendo por 32,8% no custo total do setor, ficando atrás somente do custo de mão de obra, que é de 50% em média.

Consumo de combustível deve baixar
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) reduziu a projeção de crescimento do mercado de combustíveis para 2022. De acordo com a pesquisa, o consumo deve retornar este ano aos níveis de 2019, antes de ser impactado pela pandemia. No entanto, o aumento nas vendas será contido pela escalada de preços do combustível.

A EPE estima que o mercado do Ciclo Otto (veículos que rodam a gasolina e/ou etanol) crescerá 0,6%, ante a estimativa anterior de 1,9%, enquanto a previsão de crescimento da comercialização de diesel segue mantida em 0,8%, de acordo com a edição de abril das Perspectivas para o Mercado Brasileiro de Combustíveis no Curto Prazo.

Autor/Veículo: UOL
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