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'Nova petroleira tem potencial para pagar dividendos'

Ainda sem um nome, mas com um CEO bem conhecido no setor, a petroleira fruto da fusão entre Enauta e 3R chega à Bolsa em agosto. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Décio Oddone, escolhido para comandar a companhia combinada, afirma que ela nasce mais robusta e com potencial de distribuir dividendos, algo raro entre as chamadas “junior oils” brasileiras.

Após concretizar a fusão, diz Oddone, a prioridade será traçar um planejamento para os próximos cinco anos e entregar resultados, com destaque para um crescimento contínuo da produção.

A seguir, os principais trechos da entrevista:

Como estão as tratativas para criar a nova empresa? A gente avançou, na semana passada (retrasada), na aprovação pelos conselhos de administração da Enauta e da 3R da combinação dos negócios das duas companhias. Feito isso, agora tem passos formais que precisam ser atendidos. O que define se a operação vai acontecer ou não é a aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), e a aprovação dos conselhos de administração das duas empresas.

O pedido já está no Cade? Já foi para o Cade. As assembleias vão ser dia 17 de junho, e a gente tem um passo adicional. Como as ações da Enauta não constam do Ibovespa (apesar de a empresa estar listada na B3), nossos acionistas têm direito a recesso. Isso quer dizer que eles podem não aderir à transação e trocar as ações pelo valor patrimonial delas, um pouquinho mais de R$ 14 (por ação).

Nesses 30 dias, o acionista vai poder mexer na ação?

Quem quiser tem o direito de receber o valor patrimonial da ação. Mas o valor da ação está muito acima desse valor patrimonial. Não tem previsão de lock-up (travar venda de ações) hoje.

Para quando está prevista a chegada da nova empresa na Bolsa?

A operação deve acontecer no fim de julho ou início de agosto. Então, nesse início de agosto, a nova empresa deve chegar à Bolsa. Na verdade, não chega, ela já está na Bolsa. Hoje, as duas estão na Bolsa, mas, quando a operação se concretizar, a Enauta deixa de ser listada e só segue a 3R listada.

E o nome, como vai ficar?

A gente não sabe ainda, vamos fazer uma análise. Vamos avaliar, mas possivelmente vai ser decisão dos acionistas, dos nossos conselheiros.

Qual será a cara da nova empresa?

Ela nasce como uma companhia bem mais robusta do que as duas isoladas, como colocamos na proposta original, em uma carta aberta de abril. Vai ser uma companhia com o portfólio mais diversificado, que se complementa. Mais robusta do ponto de vista de resiliência a ciclos de petróleo, com crescimento contínuo de produção pelos próximos anos. Isso porque o perfil de produção dos projetos que as companhias têm são complementares no tempo. Então, quando se combinam os portfólios da Enauta e da 3R, contando com onshore e offshore, a gente cria uma companhia em que o crescimento de produção é contínuo.

Essa nova empresa tem como proposta ser pagadora de dividendos?

Essa é uma companhia que tem, sim, potencial para crescer e pagar dividendo. O ideal é ter uma combinação de crescimento com algum dividendo. Na minha leitura, o dividendo não pode ser alto o bastante a ponto de comprometer o crescimento. E o crescimento não pode e não deve ser o único objetivo, porque, aí, você não atrai o acionista que precisa de algum dividendo. Então, é um desafio.

O que a gente pode esperar para o gás a partir da fusão?

Aumenta a produção da companhia, aumentam as possibilidades de se fazer negócios na área de gás porque a gente tem produção de gás na Bahia, no Rio Grande do Norte, tem Peroá/Cangoá no Espírito Santo. Dentro desse planejamento que eu coloquei, vamos pensar qual é a melhor maneira de gerenciar os ativos de gás da companhia. Abre muito o leque. A gente passa a ser um dos maiores produtores de gás não associado do Brasil. Dá flexibilidade grande para pensar em fazer negócios de gás que gerem mais valor. •

Autor/Veículo: O Estado de S.Paulo
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