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OCDE vê recuo de 7,4% na economia do País

Já é certo para a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que o Brasil passará por uma recessão “profunda” este ano por causa das consequências da pandemia de coronavírus. A entidade, com sede em Paris, prevê, no relatório Perspectivas Econômicas divulgado ontem, que a queda do Produto Interno Bruto (PIB) será de 7,4% em 2020, mas poderá chegar a 9,1% se houver uma segunda onda de covid-19 no País no último trimestre do ano.

“A economia estava finalmente se recuperando de uma longa recessão quando o surto de covid-19 atingiu o País e, agora, a previsão é que sofra uma recessão profunda”, diz o documento de 333 páginas, das quais cinco são reservadas para dados relativos ao Brasil.

Para a entidade, passada a pandemia, o PIB brasileiro deverá se recuperar em 2021 de forma “gradual e parcial”. As projeções pressupõem uma flexibilização gradual das medidas de isolamento adotadas no País a partir da primeira metade de junho.

A OCDE apresentou dois cenários para o impacto do coronavírus sobre a economia brasileira. O mais pessimista, com uma segunda onda da pandemia, pressupõe um retorno das medidas de isolamento no fim do ano e uma contração da economia de 9,1% em 2020. A recuperação em 2021 seria moderada nesse quadro, com crescimento de apenas 2,4% do PIB, e a taxa de desemprego subiria para um pico histórico de 15,4% ao longo do ano que vem. Um maior déficit fiscal acrescentará mais de 10 pontos porcentuais do PIB à dívida pública bruta, que ultrapassará 90% do PIB no fim de 2020.

No cenário sem uma segunda onda, a OCDE prevê contração de 7,4% no PIB de 2020 e crescimento de 4,2% em 2021. A dívida pública bruta se aproximaria dos 90% do PIB, nesse caso. “No contexto de perda de empregos, diminuição das horas trabalhadas e redução significativa das possibilidades de renda para trabalhadores autônomos, o consumo privado e o investimento impulsionam a desaceleração, embora tudo isso seja atenuado pela resposta política.”

As estimativas da OCDE sugerem que o impacto no consumo privado poderia ter sido de 2 a 3 pontos porcentuais ao ano a mais na ausência de medidas de apoio à renda das famílias.

Reação. A organização elogiou as respostas do governo à crise, mas destacou que a reação fiscal deve ser claramente “temporária”. “As políticas econômicas adotadas em resposta à pandemia foram oportunas e decisivas, causando um impacto real em milhões de famílias vulneráveis”, diz o documento.

Esse auxílio, conforme a OCDE, deverá continuar enquanto a pandemia restringir as oportunidades de renda. Para a instituição, com a flexibilização das medidas e a retomada das atividades, a economia deverá se recuperar parcial e lentamente, mas “alguns empregos e empresas não vão sobreviver” e o desemprego atingirá a máxima histórica antes de recuar gradualmente.

Autor/Veículo: O Estado de S.Paulo
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