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Petrobras 70 anos: os sete desafios atuais da maior empresa do Brasil

Fruto do nacionalismo e do impulso industrializador da Era Vargas, quando o petróleo se consolidava como um recurso estratégico no mundo, a Petrobras completa 70 anos nesta terça-feira. A empresa se consolidou como a maior empresa do país, cujo valor de mercado hoje ultrapassa R$ 470 milhões.

No entanto, o combate aos gases do efeito estufa, como os gerados por combustíveis de origem fóssil, e o crescente mercado de carros elétricos apontam para um futuro com uma estrutura energética bem diferente da que predominou até agora.

A Petrobras corre contra o tempo para formular uma estratégia para se manter relevante na economia de baixo carbono. E ainda tem outros desafios, como o equilíbrio do preço dos combustíveis e superar a desconfiança do mercado em relação à intervenção do governo, seu maior acionista.

Veja a seguir sete desafios da estatal.

1 - Transição energética

Após focar na produção de petróleo do pré-sal, a estatal corre contra o tempo para tentar acelarar sua estratégia para se manter relevante na economia de baixo carbono, com cada vez mais carros elétricos substituindo os movidos a combustíveis fósseis. Criou uma diretoria dedicada à transição energética e vem assinando acordos com outras petroleiras globais para produzir energia eólica em terra e mar, solar e hidrogênio.

Também investe em biocombustíveis e promete aumentar investimentos para voltar a se posicionar como uma empresa de energia, não só de petróleo. A meta é destinar 15% dos seus recursos para os anos entre 2024 e 2028 para fontes de baixo carbono, mas ainda não há um novo plano definido.

2 - Preços dos combustíveis

Independentemente da posição política do governo, a discussão dos preços dos combustíveis é sempre um tema que coloca em lados opostos a União e a diretoria da estatal. O tema é recorrente na pauta da estatal desde os anos de 1950, com a campanha do "O petróleo é nosso".

Na útima década, a criação do chamado PPI, que acompanha as variações do petróleo no mercado internacional e o dólar, gerou críticas do governo quando o Brent subiu, gerando a demissão dos seus presidentes. Agora, com uma nova política que leva em conta preços no Brasil e concorrência, também vem gerando atritos entre mercado financeiro e importadores.

3 - Meio ambiente

Com o pré-sal somando 78% de sua produção total, a Petrobras vem tentando ampliar suas reservas com o desenvolvimento de novas fronteiras. A principal discussão hoje é a exploração da polêmica Foz do Amazonas, na Margem Equatorial. A área é considera sensível do ponto de vista ambiental por concentrar grande quantidade flora e fauna.

O Ibama não autorizou a estatal a perfurar o primeiro poço exploratório no litoral do Amapá a mais de 500 quilômetros de distância da foz do rio Amazonas, mas a estatal recorreu.

4 - Venda de ativos

A Petrobras vendeu diversos ativos nos últimos anos, como refinarias, a BR Distribuidora, Liquigás, campos de petróleo e operações no exterior, além de operações em fontes renováveis. Agora, a companhia tenta remontar seu portfólio e não descarta nenhum movimento nem de compra nem de venda para os próximos anos.

5 - Governança

Após os escândalos de corrupção revelados pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, a estatal aumentou seu nível de governança para blindar a companhia de indicações políticas. Porém, recentemente, a companhia se viu prestes a ter uma derrota com a tentativa do Congresso de mudar a Lei das Estatais, flexibilizando indicações.

Neste ano, as indicações da União ao Conselho de Administração da estatal foram motivo de polêmica, com alguns nomes recusados pelo departamento de governança da companhia.

6 - Regulação

Enquanto a Petrobras ensaia uma retomada dos investimentos em fontes renováveis, a estatal esbarra na falta de regulação em diversos setores como a da eólica offshore, hidrogênio e mercado de carbono. Outra indecisão envolve a renegociação com o Cade, que prevê que a estatal venda metade de sua capacidade de refino no Brasil.

7 - Capital Humano

Neste ano, a estatal foi alvo de denúncias de assédio moral e sexual por funcionárias. A polêmica ressultou na criação de um novo processo interno com melhorias no canal de denúncia e de acompanhamento das vítimas. Após a venda de ativos, a empresa reduziu o número de funcionários, promoveu diversos PDVs e, agora, estuda realizar novos concursos para aumentar seu corpo de funcionários.

Autor/Veículo: O Globo
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