Notícias

Petrobras foi a maior pagadora de dividendos no mundo no 2º trimestre; veja ranking

Com a distribuição de US$ 9,7 bilhões em proventos, a Petrobras foi a empresa que mais pagou dividendos no mundo no segundo trimestre deste ano. A companhia ficou bem à frente não só de outras petroleiras, como também de empresas como Nestlé, China Mobile e Microsoft.

Os dados estão na 35ª edição do Índice Global de Dividendos da gestora britânica Janus Henderson. O relatório analisa trimestralmente as 1.200 maiores empresas do mundo por capitalização de mercado, que representam 90% dos dividendos pagos globalmente.

Para efeito de comparação, no segundo trimestre de 2021, a empresa pagou US$ 1 bilhão aos acionistas. Como a União é o maior acionista da estatal, o governo é o principal beneficiário quando a empresa amplia o pagamento de dividendos.

Pelo levantamento da Janus Henderson, a empresa não só multiplicou em mais de nove vezes os dividendos pagos no segundo trimestre como também entrou, pela primeira vez, no top 10 do ranking global. A Petrobras respondeu por mais de 90% dos dividendos pagos por empresas brasileiras no período, que somaram US$ 10,4 bilhões .

O recorde de pagamentos de dividendos feito pela Petrobras no segundo trimestre foi anunciado poucos dias depois de o governo pedir às estatais que antecipassem a liberação dos recursos, com os quais a União pretende bancar o aumento do valor do Auxílio Brasil, vitrine do presidente Jair Bolsonaro na área social. O presidente concorre à reeleição.

Segundo a Janus Henderson, provavelmente a empresa deverá integrar a lista das maiores pagadoras do mundo em 2022, a ser divulgada no início de 2023.

“O aumento crescente dos fluxos de caixa devido aos altos preços do petróleo significou que os produtores de petróleo contribuíram com mais de dois quintos do crescimento do segundo trimestre”, destaca o levantamento da Janus Henderson.

A Petrobras é a única companhia brasileira a figurar na lista das dez maiores pagadoras de dividendos.

Nestlé, Rio Tinto, China Mobile, Mercedes-Benz, BNP Paribas, Ecopetrol, Allianz, Microsoft e Sanofi completam as dez maiores pagadoras de dividendos no segundo trimestre, somando, junto com Petrobras, US$ 61,7 bilhões em proventos, ou 11% do total no período.

Veja as 10 maiores pagadoras de dividendos do mundo:
Petrobras (US$ 9,7 bi)
Nestlé (US$ 8,4 bi)
Rio Tinto (US$ 8,3 bi)
China Mobile Limited (US$ 6,3 bi)
Mercedes – Benz (US$ 5,6 bi)
BNP Paribas (US$ 4,8 bi)
Ecopetrol (US$ 4,7 bi)
Allianz (US$ 4,66 bi)
Microsoft Corporation (US$ 4,63 bi)
Sanofi (US$ 4,4 bi)
No relatório a gestora afirma que os dividendos “são incluídos no modelo na data em que são pagos. Eles são calculados brutos, usando a contagem de ações vigente na data do pagamento, e convertido em dólares americanos utilizando a taxa de câmbio vigente”.

Mais por vir
O head de Óleo, Gás e Materiais Básicos, da XP, André Vidal, ressalta que o ano de 2022 vem tendo uma geração de caixa muito alta para a Petrobras.

Contribuíram para isso fatores como a baixa alavancagem (dívida), o baixo custo de extração, principalmente no pré-sal, que passa a ganhar mais relevância no portfólio da empresa, além dos desinvestimentos e da conjuntura de alta do barril no mercado internacional.

— O pagamento de dividendos é contingente a uma série de fatores, que perpassa temas como ciclo de investimento, nível de custos, desinvestimentos, alavancagem, preços do petróleo, dentre outros — destaca o head de Óleo, Gás e Materiais Básicos, da XP, André Vidal.

O analista da XP ainda acredita em um pagamento forte de dividendos à frente, condicionado a fatores como o nível de preço do petróleo praticado no mercado internacional e a continuidade da gestão praticada nos próximos anos.

O analista de Research da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, ainda considerada a continuidade de pagamentos de fortes dividendos para o restante de 2022, levando em conta o dinheiro em caixa que a empresa possui.

— Achamos que tem uma gordura que não foi distribuída nesse fortíssimo dividendo de segundo trimestre e que pode ser distribuída para frente. Existe a expectativa para mais um semestre de forte geração de caixa operacional, mesmo o Brent tendo caído.

Apesar do cenário externo mais desafiador para os preços de commodities, ele ainda observa uma forte geração de caixa operacional no segundo semestre.

— Vemos essa onda contracionista com relação ao ritmo de crescimento global, o que pode afetar a dinâmica. Vimos uma queda do preço do barril, mas ele segue em patamar forte. Temos que ver os próximos passos com relação à oferta.

Para 2023, Arbetman afirma que ainda é cedo para se ter uma avaliação, levando em conta as possíveis mudanças no comando da companhia a depender do resultado eleitoral.


Na mesma linha, segue o analista da Top Gain, Sidney Lima:

—A continuidade de distribuição desses pagamentos, está sujeito as oscilações do dólar, do petróleo, e obviamente, da gestão financeira que pode ser alterada pós-eleições, embora a empresa tenha que respeitar leis por se tratar de uma empresa listada em bolsa.

Em nota, a Petrobras afirmou que o montante direcionado a dividendos segue “rigorosamente” a legislação e a Política de Remuneração aos Acionistas.

Segundo a empresa a política prevê que, em caso de endividamento bruto inferior a US$ 65 bilhões, a companhia pode distribuir aos seus acionistas 60% da diferença entre o fluxo de caixa operacional e as aquisições de ativos imobilizados e intangíveis (investimentos).

A política ainda abre espaço para o pagamento de dividendos extraordinários compatíveis com a sustentabilidade financeira da companhia. Segundo a Petrobras, isso foi possível este ano, pois a empresa teve uma “situação de caixa confortável, com liquidez e endividamento equacionado”

“Ou seja, o pagamento dos dividendos extraordinários se mostrou a melhor alocação do caixa e sem qualquer prejuízo para os investimentos aprovados e previstos”, disse a petroleira, em nota.

Recorde de pagamento
De acordo com o relatório, os dividendos globais alcançaram um recorde no segundo trimestre, totalizando US$ 544,8 bilhões. Em termos nominais, o crescimento foi de 11,3% na comparação anual;

Em termos subjacentes, quando são feitos ajustes devido ao efeito cambial e aos dividendos não recorrentes, o aumento foi de 19,1%.

A pesquisa destaca que 94% das empresas presentes no índice aumentaram os seus dividendos ou os mantiveram estáveis no período. Além disso, os dividendos globais superaram os níveis pré-pandemia de Covid-19 e, agora, se encontram apenas 2,3% abaixo da tendência de longo prazo.

Autor/Veículo: O Globo
Compartilhe: