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Petrobras reverte prejuízo e tem lucro de R$ 42,8 bilhões no segundo trimestre

A Petrobras anunciou ontem os seus resultados no segundo trimestre e surpreendeu o mercado, com um lucro de R$ 42,85 bilhões, revertendo um prejuízo de quase R$ 3 bilhões no mesmo período do ano passado.

Alguns fatores explicam esse resultado positivo: a alta do consumo de combustíveis, com menos restrições causadas pela pandemia; o aumento do preço do barril de petróleo, que ultrapassou o patamar de US$ 70; e a valorização do real frente ao dólar, o que impactou diretamente no endividamento da empresa, a maior parte dela dolarizada.

A receita da companhia subiu para R$ 110,7 bilhões, mais do que o dobro do resultado registrado entre abril e junho do ano passado.

Em um breve comentário do resultado, o presidente da companhia, general Joaquim Silva e Luna, salientou o caráter técnico, e não político da empresa. “Continuamos trabalhando duro, amparados em decisões absolutamente técnicas; evoluindo e tornando-nos mais fortes para melhor investir, suprir um mercado cada vez mais exigente e gerar prosperidade para nossos acionistas e para a sociedade”, afirmou.

Apesar da declaração, o presidente Jair Bolsonaro acenou recentemente para um subsídio da estatal ao botijão de gás, produto que tem tido seguidas altas e gerado desgaste ao Planalto.

O resultado do segundo trimestre veio acima do esperado pelo mercado. A projeção era de lucro líquido de R$ 25 bilhões, segundo a média de quatro casas (BTG Pactual, Itaú BBA, Santander e Credit Suisse) e do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), ouvidos pelo Estadão/broadcast.

Com esse resultado, a Petrobras deixa para trás o “fantasma” da covid-19. Em igual período do ano passado, a empresa amargou o pior momento da crise, diante de um cenário perverso de queda do petróleo e do consumo interno, simultaneamente. Na época, a única venda da petrolífera que se manteve em alta foi a de gás de cozinha, por causa da corrida da população para estocar produtos essenciais.

O segundo trimestre deste ano já reflete a flexibilização das medidas de isolamento social e enfrentamento da pandemia. O comércio de óleo diesel, usado em caminhões, subiu ancorado no crescimento do setor agrícola. O volume comercializado cresceu 28,8% comparado a igual período de 2020. E, mesmo em relação ao trimestre anterior, houve um avanço, de 11,4%. As vendas de gasolina também cresceram – 36,9% e 12,7%, considerando a mesma base de comparação.

“A Política de Paridade Internacional impactou positivamente o resultado da empresa, apesar de um maior espaçamento entre os reajustes a partir da posse do Silva e Luna. Com relação às exportações, importante destacar que a empresa vem tendo sucesso na estratégia de diversificar os mercados, diminuindo a dependência em relação ao mercado chinês”, avaliou Henrique Jager, pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).

Justiça. A Petrobras ainda foi favorecida por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que excluiu a parcela de ICMS da base de cálculo do Pis/cofins cobrados na venda dos seus produtos. Isso rendeu à empresa uma receita extraordinária de R$ 4,8 bilhões.

No trimestre, também pesaram a seu favor a venda da BR Distribuidora e o pagamento de uma parcela da participação remanescente de 10% da NTS ao fundo de investimento gerido pela Brookfield e pela Itaúsa, atuais controladores da empresa operadora de gasodutos.

“O recebimento de valores referentes a estas transações, juntamente com o adiantamento recebido pelas assinaturas dos polos Peroá, Miranga e Alagoas e dos campos de Papa-terra e Rabo Branco, resultaram em uma entrada de caixa de US$ 2,8 bilhões até 3 de agosto”, informou a empresa.

Autor/Veículo: O Estado de S.Paulo
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