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Petrobras tem prejuízo de R$ 52,7 bi nos nove primeiros meses do ano

A Petrobras registrou prejuízo de R$ 1,546 bilhão no terceiro trimestre deste ano, revertendendo o lucro de R$ 9,087 bilhões no mesmo período do ano passado.

Assim, nos nove primeiros meses deste ano, a estatal acumula perda de R$ 52,782 bilhões, o oposto do ganho de R$ 31,984 bilhões de 2019.

O prejuízo de janeiro a setembro equivale a geração de toda a receita no segundo trimestre deste ano (de R$ 50,8 bilhões).

A perda acumulada no ano é reflexo dos prejuízos de R$ 48,5 bilhões no primeiro trimestre e de R$ 2,7 bilhões no segundo trimestre deste ano.

O resultado veio dentro da margem esperada pelos analistas, cujas expectativas variavam de lucro de até R$9 bilhões à prejuizo de R$ 4 bilhões.

A estatal explicou que o lucro foi afetado pela adesão aos programas de anistia tributária e a ausência do efeito positivo relacionado à atualização monetária de R$ 9,3 bilhões sobre a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/COFINS ocorrida no segundo trimestre.

A companhia citou ainda as despesas financeiras, como o maior valor pago pela recompra de títulos e as despesas com juros que neutralizaram os ganhos com maiores volumes de vendas de petróleo e derivados em meio à recuperação de preços do petróleo no mercado internacional.

A Petrobras destacou que, se não fosse a adesão ao programa de anistia tributária e prêmio pago na recompra de títulos ao longo do trimestre, teria registrado lucro de R$ 3,2 bilhões.

A receita da empresa somou no terceiro trimestre um total de R$ 70,730 bilhões, uma queda de 8,2% em relação ao mesmo período do ano passado e alta de 39% ante o segundo trimestre. No ano, a queda foi de 10,6%, para R$ 197,097 bilhões.

Exportação para China em nível pré-Covid
A Petrobras destacou que houve recuperação com as vendas de combustíveis entre o segundo e terceiro trimestre deste ano. A estatal disse ainda que as exportações de petróleo bruto para a China (que soma 62% do total exportado) voltaram aos níveis pré-Covid, com o aquecimento da demanda nos demais mercados.

Apesar de ter registrado aumento de produção, a Petrobras destacou que vai reduzir os investimentos. "Dada a escassez de capital e a necessidade de reduzir nossa dívida para US$ 60 bilhões, os projetos devem competir por recursos. Como consequência, nossos números de capex (investimento) para os próximos anos serão menores", disse o presidente Roberto Castello Branco em carta aos acionistas.

A estatal destacou ainda os impactos da Covid na venda de ativos, que gerou apenas US$ 1 bilhão neste ano. Mas a estatal ressaltou que "há 10 operações assinadas a serem fechadas, 32 projetos em fase vinculante e 7 ativos na fase inicial do processo de desinvestimentos".

Alta do brent ajuda na geração de caixa
Com o aumento no preço do petróleo, a geração de caixa operacional, medida pelo Ebitda, ficou em R$ 33,4 bilhões, alta de 33,8% ante o segundo trimestre.

Os investimentos somaram US$ 1,6 bilhão no terceiro trimestre, queda de 15,4% ante o segundo trimestre e recuo de 37,3% ante o terceiro trimestre do ano passado.

Com menos investimentos, a dívida da líquida ficou em US$ 66,2 bilhões, menor que os US$ 71,2 bilhões do segundo trimestre.

Um analista que não quis se identificar explicou que a Petrobras ainda sofre os reflexos da pandemia, apesar de o balanço mostrar reação nos últimos meses. Ele ressaltou que a companhia ainda tem o desafio de baixar a dívida, já que a venda de ativos vem encontrando dificuldade por conta da crise, sem penalizar ainda mais os investimentos.

O analista de investimento Pedro Galdi, da Mirae Asset Corretora, destacou a melhora na receita e operação de caixa no terceiro trimestre. Ressaltou ainda que as despesas financeiras subiram por conta do aumento do risco por conta da crise e das incertezas na economia mundial.

- A empresa antecipou pagamento de dívida e isso gerou custos, afetando o lucro. Algo positivo foi a redução da dívida. A mensagem é que haja uma tendência de melhora. Em 2020, a compahia vai ter prejuízo - disse Galdi.

Criação de departamento para clima
A estatal ressaltou ainda que "para direcionar" o foco está criando um departamento de mudanças climáticas. A área vai se reportar ao diretor executivo de relações institucionais e sustentabilidade.

Autor/Veículo: O Globo
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