Notícias

Petrobras vem com resultados fortes, estimam bancos

Os resultados financeiros do primeiro trimestre da Petrobras devem refletir a alta do preço do barril de petróleo, além dos ganhos de margem no segmento de distribuição de combustíveis e o aumento da produção nacional de petróleo e gás no começo deste ano, segundo bancos ouvidos pelo Valor. Levantamento com base nas projeções de quatro instituições financeiras (Itaú BBA, UBS, Credit Suisse e Goldman Sachs) indica que a companhia deve registrar, no primeiro balanço do ano, receita líquida de R$ 144 bilhões, que representa avanço de 67,2% frente ao primeiro trimestre de 2021.

Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) médio estimado é de R$ 78,67 bilhões, um aumento de 68,6% na comparação anual. O lucro previsto pelos bancos consultados é, em média, de R$ 40 bilhões, frente ao lucro de R$ 1,16 bilhão registrado em igual período de 2021. O lucro, no entanto, ainda pode sofrer efeitos não-recorrentes, mais difíceis de serem estimados pelos analistas.

As estimativas para o lucro do trimestre variam de R$ 35,8 bilhões, segundo o Credit Suisse, até R$ 46,2 bilhões, nas projeções do Itaú BBA. Na visão do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), o lucro pode ser de R$ 42,6 bilhões, que, segundo o instituto, teria sido impulsionado pela elevação dos preços médios de vendas dos derivados para o mercado interno.

A melhoria nos resultados esperada é resultado do forte aumento do preço do barril de petróleo no mercado internacional, que voltou a ultrapassar a barreira dos US$ 100 no começo deste ano, como reflexo da recuperação das quedas na demanda causadas pela pandemia e dos efeitos da invasão da Ucrânia pela Rússia.

O relatório de produção da estatal, publicado em abril, mostrou que entre janeiro e março deste ano a produção de petróleo e líquidos de gás natural (LGN) da Petrobras foi de 2,2 milhões de petróleo por dia (barris/dia), alta de 1,6% na comparação anual. Já a produção de gás natural no primeiro trimestre desse ano foi de 526 mil barris de óleo equivalentes por dia (boe/dia), aumento de 0,6%.

A companhia vendeu 1,7 milhão de barris/dia entre janeiro e março de 2022, aumento de 2% em relação a igual período em 2021. “Esperamos margens saudáveis no refino, transporte e comercialização, apesar de não seguir estritamente a paridade de preços internacionais, já que a companhia esgota seus estoques antigos com custos mais baixos”, afirma a XP.

Um dos destaques deve ser o retorno da Petrobras aos acionistas. O Itaú BBA prevê que a companhia vai seguir com a tendência dos últimos trimestres de forte geração de caixa e distribuição de dividendos. O banco acredita que a companhia pode distribuir dividendos no valor de R$ 1,8 por ação, o que levaria a um “dividend yield” (rentabilidade do dividendo em relação ao preço da ação) de 6%. “Destacamos, no entanto, que o valor dos dividendos pode ser mais alto, já que a companhia recebeu os valores de compensação a serem pagos pelos campos de Atapu

A projeção está em linha com a estimativa do Credit Suisse, que antevê que a estatal pode distribuir US$ 6 bilhões em dividendos relativos ao primeiro trimestre do ano, num “dividend yield” de 7%.“Há espaço para distribuições significativamente maiores do que as indicadas pela política de dividendos formal”, afirmam os analistas Régis Cardoso e Marcelo Gumiero, em relatório do Credit Suisse.

O Goldman Sachs estima que o retorno aos acionistas pode chegar a US$ 10 bilhões no primeiro trimestre, mas alerta que o valor pode ser menor, pois a petroleira concluiu recentemente o pré-pagamento de bonds no valor de US$ 2 bilhões. O banco lembra em relatório que, durante os anúncios de resultados e teleconferências com analistas nos próximos dias, o mercado estará atento ao novo presidente da estatal, José Mauro Coelho, e ao posicionamento do executivo a respeito da continuidade da política de preços de combustíveis alinhada ao mercado internacional.

O CEO assumiu o comando da companhia em 14 de abril, depois do fim do primeiro trimestre. A troca na presidência da empresa ocorreu depois que o presidente da República, Jair Bolsonaro, criticou aumentos de preços de combustíveis. “Na nossa visão, no curto prazo, vemos que os estatutos da companhia e a Lei das Estatais brasileira limitam o risco de interferência do goveno na companhia", diz o relatório do Goldman Sachs. Para ler esta notícia, clique aqui.

Autor/Veículo: Valor Econômico
Compartilhe: