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Preço do diesel não deve cair, diz Petrobras

O diretor de Comercialização e Logística da Petrobras, Cláudio Mastella, disse não esperar queda no preço do diesel até o fim do ano, diante do cenário de problemas na oferta e proximidade com o inverno no hemisfério Norte.

Nas últimas semanas, a empresa reduziu duas vezes o preço da gasolina, que já vinha sendo fortemente impactado pelos cortes de impostos aprovados pelo Congresso. O diesel, por outro lado, já tinha impostos federais zerados e ICMS (imposto estadual) abaixo do teto estabelecido e não baixou nas bombas.

"Vemos um cenário de manutenção dos preços dos derivados parecidos com os atuais, em especial no caso do diesel, que tem um impacto da aproximação do inverno no hemisfério norte", disse o executivo, em teleconferência com analistas para detalhar o balanço do segundo trimestre.

"A expectativa é que o diesel fique nesse cenário ou até mais forte, a menos que se confirme expectativa de grande recessão global", completou, ressaltando que a demanda pelo produto continua aquecida e há problemas de oferta após o início da guerra na Ucrânia.

O diesel é um problema para o esforço do governo para baixar os preços dos combustíveis às vésperas das eleições. Desde a aprovação dos cortes de impostos no Congresso, o preço médio do combustível caiu apenas 1,2% nas bombas, contra queda de 20,3% no preço da gasolina.

Sem possibilidade de reduzir mais os impostos, o governo contaria apenas com eventuais cortes de preços na Petrobras. Em outra frente, aprovou no Congresso a distribuição de um auxílio para caminhoneiros.

Mastella disse que a Petrobras vê hoje menos risco de desabastecimento de diesel no país, mas o cenário ainda é de cautela em função do aumento da demanda por países do Hemisfério Norte, menor oferta da Rússia, paradas previstas em refinarias e riscos com a temporada de furacões nos Estados Unidos.

"Hoje, em particular, não há dificuldade para adquirir diesel dos fornecedores habituais", disse o executivo. A empresa vem antecipando compras para aumentar seus estoques e busca operar suas refinarias com níveis elevados para produzir mais o combustível.

Mastella afirmou que a nova diretriz da política de preços da companhia, aprovada no início da semana, não altera a busca pela paridade com as cotações internacionais dos produtos. Pelo contrário, afirmou, dá ao conselho atribuição de cobrar o cumprimento dessa política.

"O conselho passa a ter atribuição de cobrança de resultado. O foco fica mais claro, mais robusto, em benefício da companhia", afirmou.

No segundo trimestre de 2022, a Petrobras registrou lucro de R$ 54,3 bilhões, o segundo maior de sua história. Pelo resultado, a companhia aprovou a distribuição de R$ 87,8 bilhões em dividendos, um recorde.

Autor/Veículo: Folha de S.Paulo
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