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Prévia do PIB de 2020 indica tombo de 4,05%

Em um ano marcado pela pandemia de covid-19, a atividade econômica brasileira fechou 2020 com retração de 4,05% em relação a 2019. O tombo foi dimensionado pelo Índice de Atividade do Banco Central (IBC-BR) na série sem ajustes sazonais, que permite comparações entre os anos.

Conhecido como uma “prévia do BC” para o Produto Interno Bruto (PIB), o IBC-BR serve como parâmetro para avaliar o ritmo da economia brasileira ao longo dos meses. De responsabilidade do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB do ano passado será divulgado apenas em 3 de março.

Até agora, a maior queda em um ano do PIB brasileiro foi registrada em 1990, de 4,35%, na esteira do Plano Collor 1 e do confisco do dinheiro das cadernetas de poupança.

A queda do IBC-BR em 2020 ficou menor do que as estimativas dos analistas do mercado financeiro consultados pelo Projeções Broadcast, que esperavam resultado entre -4,5% e -4,1%, sendo o tombo de 4,2% o mais esperado. Em junho do ano passado, o Banco Mundial chegou a prever uma queda de 8% do PIB em 2020.

O mercado, segundo pesquisa realizada pelo Banco Central com mais de 100 instituições financeiras na semana passada, estima uma retração de 4,3% para a economia brasileira em 2020. O Ministério da Economia também estima uma queda de 4,5% e, para o BC, o tombo será de 4,4%.

No ano passado, os efeitos da pandemia sobre a economia, apesar de percebidos já em fevereiro, se intensificaram em todo o mundo a partir de março. Para conter o número de mortes, o Brasil adotou o isolamento social em boa parte do território, o que afetou a atividade econômica. Os impactos foram percebidos principalmente em março e abril. A partir de maio, o IBC-BR demonstrou reação.

Apenas em dezembro, o IBCBR avançou 0,64% em relação a novembro, na série com ajustes sazonais, uma espécie de compensação para comparar períodos diferentes. Foi o oitavo mês consecutivo de alta.

Projeções. A mediana das apostas do mercado apuradas pelo Projeções Broadcast para PIB de 2020 passou de queda de 4,3% na pesquisa publicada em janeiro para retração de 4,2% neste levantamento, feito após a divulgação do IBC-BR de dezembro, que subiu 0,64%, acima do consenso de mercado, de 0,3%. As apostas desta pesquisa são de tombo entre 4,6% e 3,7%.

Por outro lado, pioraram as estimativas para o PIB de 2021 e do primeiro trimestre. No ano, a mediana das apostas foi de 3,45% em janeiro para 3,35% agora. No primeiro trimestre, as apostas entre recuo de 1,30% e avanço de 1,10% ante o trimestre final de 2020 levaram a mediana para o campo negativo, indicando retração de 0,15%, ante crescimento de 0,05% na última pesquisa.

Em relatório a clientes assinado pelos economistas Solange Srour e Lucas Vilela, o Credit Suisse informou a mudança de sua projeção para o PIB de 2020, que passou de queda de 4,3% para recuo de 4,2%, exatamente o movimento das medianas desta e da última pesquisa Projeções Broadcast para o PIB.

Segundo os analistas, o resultado do IBC-BR de dezembro e de 2020 (contração de 4,05%) “confirmou uma dinâmica melhor do que se esperava para a atividade econômica do último trimestre de 2020”.

A XP Investimentos também alterou suas estimativas para o ano passado. Na pesquisa de 18 de janeiro, a projeção para o PIB do quarto trimestre era de avanço de 1,6% na margem, número que agora é de 2,3%. Para o ano, o recuo de 4,6% passou a ser de 4,4%. “Em dezembro, algumas áreas performaram bem, como a indústria, que subiu 0,9%. Também a agropecuária pode acabar surpreendendo por conta da safra agrícola”, diz Vitor Vidal, economista da corretora.

A Austin Ratings manteve as projeções para o PIB desde a última pesquisa. A queda em 2020 é calculada em 4,2%, e o crescimento em 2021 é estimado em 3,3%. /

Autor/Veículo: O Estado de S.Paulo
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