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Primeira refinaria da Petrobras a ser privatizada receberá aporte de US$ 500 milhões de fundo árabe

A Petrobras e o fundo árabe Mubadala acabam de assinar o fechamento do acordo para a venda da primeira refinaria do país e primeira a ser privatizada, a Refinaria Landulpho Alves (Rlam), segundo uma fonte do setor. A venda foi acertada por R$ 1,7 bilhão, que entrará no caixa da Petrobras. O acordo prevê contrato de 15 meses de transição da estatal para o grupo comprador.

A Rlam reponde, sozinha, por 14% de toda a capacidade de refino do Brasil. De acordo com fontes, a intenção do Mubadala é aportar cerca de US$ 500 milhões na unidade nos próximos sete anos. Além disso, a refinaria, que foi fundada há 71 anos, vai voltar a se chamar Refinaria de Mataripe, seu primeiro nome. É uma referência ao Rio Mataripe, um braço de mar da Baía de Todos os Santos.

Para comandar a refinaria, foi criada a Acelen, holding para energia do fundo de private equity Mubadala Capital, do fundo soberano de Abu Dabhi.

Produção de 300 mil barris por dia
A intenção do fundo árabe é acelerar os investimentos na refinaria para maximizar o retorno financeiro. Hoje, a capacidade da unidade varia entre 60% e 70%. A meta é elevar isso para perto de 100%. A unidade produz cerca de 300 mil barris por dia. Está nos planos ainda ampliar a produção de derivados como gasolina e diesel.

O negócio compreende a refinaria e sua infraestrutura associada e foi firmado ainda na gestão de Roberto Castello Branco. A estatal já vendeu duas outras refinarias, em Manaus e no Paraná. Mas vem encontrando dificuldades para se desfazer de outras três unidades, como Repar (Paraná), Refap (Rio Grande do Sul) e Rnest (Pernambuco).

Por isso, decidiu investir mais de US$ 1 bilhão nas refinarias da Rnest (com a construção de uma segunda linha de produção) e na Repar (com unidade de biodiesel).

Contratação de executivos
A intenção da Petrobras é vender oito refinarias, que somam metade de sua capacidade de refino. A intenção era que todas as vendas fossem concluídas até o fim deste ano. Mas, com as dificuldades, a Petrobras e o Cade já vêm ampliando uma ampliação do prazo, conforme destacaram os executivos durante a apresentação do Plano de Negócios da companhia.

Para comandar a refinaria na Bahia, o Mubadala criou uma empresa de energia no Brasil chamada Acelen. Nos próximos anos, essa nova companhia, que contratou executivos brasileiros de outras empresas do setor aqui no Brasil, vai focar ainda em outros projetos de energia renovável, antecipou uma outra fonte do setor.

Nessa primeira etapa, a Petrobras ainda vai participar de um processo de assistência por 15 meses. Nesse período, a estatal vai dar o "suporte" necessário durante a transição. Segundo uma fonte que não quis se identificar, um dos planos do Mubadala é, além de modernizar a refinaria, é mirar para o segmento de biocombustíveis.

Transição de funcionários
Mas um dos desafios que o fundo terá nesse primeiro momento é fazer a transição dos cerca de 870 funcionários que hoje trabalham na Rlam. Segundo essa fonte, a intenção do Mubadala é que todos os colaboradores migrem para a Acelen.

Além disso, a lógica da empresa será seguir os preços do mercado, "tanto para cima como para baixo" de forma a ter competitividade. A nova refinaria poderá comprar petróleo não só da Petrobras como de outras empresas e vender seus derivados no Brasil como no mercado externo.

A intenção é ampliar ainda mais o segmento de venda de "bunker", combustível marítimo. Procuradas, as empresas não comentaram.

Autor/Veículo: O Globo
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