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Queda no preço do diesel não garante competitividade ao setor de cargas

Apesar das reduções do preço médio do diesel anunciadas pela Petrobras em 2023, o setor do transporte de cargas ainda não sente os benefícios dos cortes. As reduções, anunciadas de forma fracionada, tinham como principal objetivo a manutenção da competitividade dos preços da estatal frente às principais alternativas de suprimentos dos clientes e a participação de mercado necessária para a otimização dos ativos de refino. Entretanto, os reflexos não chegaram para o setor.

De acordo com o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte e Logística de Minas Gerais (Setcemg), Gladstone Lobato, o diesel é apenas um item da planilha de custo das empresas de transporte. “O diesel representa de 20% a 40% dos custos logísticos, dependendo da região e do serviço a representatividade do gasto é maior ou menor. E sendo Minas Gerais um estado com alto custo operacional, em função das condições das estradas, a redução é importante, mas pouco significativa para nós. Nosso problema maior é reposição de peças, manutenção de frota e os custos trabalhistas”, explica.

O gestor da Betex Transportes, Rodrigues de Souza, empresa situada em Igarapé, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ressalta que o impacto da redução não é imediato. “A gente quase não percebe. O frete continua defasado, há a questão dos pedágios e do custo com a carga e a descarga das mercadorias – realizadas pela mão de obra humana. A gente praticamente repõe perdas registradas anteriormente. A redução não é significativa. Praticamente não sentimos”, diz.

O CEO da Patrus Transportes, Marcelo Patrus, tem a mesma percepção. “No ano de 2022 houve uma disparada no preço do óleo diesel em decorrência do aumento do barril de petróleo em todo mundo, o que penalizou bastante o transporte rodoviário de carga. Porém, a diminuição do preço em 2023 não zerou a diferença do que havia aumentado, o que significa que o custo continua alto. Obviamente, se continuar a diminuir gradativamente, ajuda. Mas, atualmente, ainda não resolveu o déficit gerado”, disse.

Assim como os outros, ele cita o acréscimo em outros custos do setor, como pneus, caminhões e pessoal. “O ano de 2022 foi de grande inflação para o transporte rodoviário de carga e as transportadoras não conseguiram repassar todos os aumentos. A demanda se manteve nos mesmos números do ano passado. Porém, estamos sofrendo bastante com a alta dos juros, assim como todo o País. Enquanto eles não baixarem, não teremos uma recuperação econômica”, relata.

Empresários estão cautelosos

O presidente do Setcemg explica ainda que os empresários estão em compasso de espera. “É preciso ter confiança para investir. Estamos no primeiro ano de um novo governo e os empresários aguardam para entender melhor o cenário. Minas depende de uma economia primária como a produção de ferro, o agronegócio e o cimento e vimos recentemente indústrias automobilísticas paralisando as produções, siderúrgicas e mineradoras registrando queda nos lucros. E sem produção, não temos o que entregar. É uma cadeia, onde um setor impacta o outro”, diz. Ele relata ainda que aguarda uma melhora na produção industrial para que o setor de cargas almeje um crescimento também.

Autor/Veículo: Diário do Comércio
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