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Querosene acumula alta maior que a da gasolina e do gás de cozinha este ano

O crescimento no preço das passagens aéreas está diretamente ligado à alta no preço do combustível utilizado nos aviões. Um levantamento da CNN com base nos dados disponibilizados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostra que o querosene de aviação (QAV) registra uma alta de 47,6% entre janeiro e outubro de 2021.

Esse aumento já é maior que o acumulado da gasolina e do gás de cozinha, que cresceram 43,4% e 36%, respectivamente, no mesmo período.

De acordo com o economista da Fundação Getúlio Vargas André Braz, a alta no preço é um reflexo do aumento no combustível utilizado pelo setor aéreo e das constantes altas no preço do dólar.

“O setor aéreo é muito dolarizado, pelo combustível e tipos de serviço dos aeroportos, e é um setor que foi muito afetado pela pandemia. O preço dos combustíveis começou a subir no ano passado ainda, quando as viagens nem tinham voltado. Quando o setor de turismo voltou a funcionar, esse aumento começou a ser repassado para o consumidor final tardiamente”, explica.

O presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, confirmou os impactos desses fatores na aviação nacional.

“Esses dados mostram como a aviação comercial brasileira é impactada pelos custos no Brasil. Além da alta do QAV, que é o item de maior ineficiência econômica das empresas aéreas, ainda temos o desafio dos sucessivos recordes da cotação do dólar em relação ao real, pois mais de 50% dos custos das companhias são dolarizados”, apontou.

Além dos voos comerciais, a aviação é utilizada para o transporte de cargas. Segundo informações da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), a demanda global do setor de carga aérea cresceu 9,1% em relação a setembro de 2019, período anterior à pandemia. Entretanto, segundo André Braz, essa categoria também será afetada futuramente pelo aumento do combustível.

“Os fretes são orientados por contrato, isso quer dizer que, quando o contrato foi assinado, o preço era diferente. No futuro, quando for reajustado, o valor vai subir fortemente. E quando você nem lembrar mais do combustível, vai estar lá embutido nesse contrato. Esses efeitos acabam sendo duradouros”, explica.

Autor/Veículo: CNN Brasil
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