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Redução da mistura de biodiesel leva BSBios a congelar investimento


Maior produtora de biodiesel do país, a BSBios, hoje uma subsidiária integral do ECB Group, do empresário Erasmo Carlos Battistella, decidiu congelar investimentos que faria nos próximos dois anos para ampliar seu parque industrial em meio à decisão do governo federal de reduzir a mistura do biocombustível ao diesel fóssil, válida para este ano. Ao Valor, o empresário afirma que a companhia previa investir perto de R$ 1 bilhão nesses dois anos.

Battistella não detalha quais investimentos estavam programados, mas afirma que a empresa previa continuar ampliando a capacidade instalada de suas unidades e fazendo melhorias industriais. Segundo ele, os aportes da BSBios foram congelados até que se tenha “uma visualização de para onde se vai” com a política de biodiesel. Em 2020 (último balanço disponível), a companhia faturou R$ 5,3 bilhões e fez investimentos de R$ 33 milhões.

A BSBBios, que até o início de 2021 tinha a Petrobras como uma de suas controladoras, possui duas usinas no Sul - uma em Passo Fundo (RS) e outra em Marialva (PR) -, que passaram por expansão nos últimos anos.
Atualmente, as duas têm, juntas, capacidade para produzir 936 milhões de litros de biodiesel por ano a partir do processamento de óleo de soja e gordura animal. A unidade gaúcha ainda tem uma planta de esmagamento com capacidade de processar até 3,2 mil toneladas de soja por dia.

No fim de 2021, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) decidiu reduzir a mistura de biodiesel no diesel para 10% (B10) para todo o ano de 2022, alterando a programação de adotar a mistura de 13% (B13) em janeiro e fevereiro e de 14% (B14) de março em diante - normalmente, os mandatos são válidos de março a fevereiro. Segundo o governo, a decisão foi tomada para controlar a alta dos combustíveis.

Battistella acredita que cerca de R$ 5 bilhões em investimentos que estavam programados no setor para os próximos dois anos serão revistos e não descarta inclusive fechamento de fábricas. Segundo as associações que representam o segmento, há 11 plantas de biodiesel em construção e quatro ampliando capacidade, em um parque industrial com 54 unidades.

Ele critica a decisão do governo de usar a mistura para controlar preços. “Em nenhum lugar da lei diz que se o preço subir, tem que reduzir [a mistura]”, reclama. “Não se faz política de descarbonização via preço de combustível”, acrescenta. Para ler esta notícia, clique aqui.

Autor/Veículo: Valor Econômico
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