Notícias

Registro de recebíveis cria guerra de preços entre maquininhas e bancos

O registro de recebíveis, iniciativa do Banco Central para aumentar a agilidade e a transparência no setor de pagamentos, começou a gerar ecos no mercado financeiro, em especial nas empresas de maquininhas. Bancos que antes não eram tão fortes em adiantamento de recebíveis estão aproveitando o sistema para buscar clientes com tíquetes polpudos, como grandes empresas. Esse movimento começa a reverberar nas maiores empresas de adquirência (as donas das maquininhas e que fazem as compensações financeiras), embora elas afirmem que, por enquanto, conseguem lidar com a pressão.

A Cielo, líder do setor, afirmou que os bancos estão atrás de clientes que têm recebíveis de grande valor financeiro. A Getnet, por sua vez, disse a analistas de mercado que a disputa tem vindo de concorrentes que antes não atuavam no adiantamento. E que sim, é uma guerra de preços.

Alguns indicadores corroboram essa visão. A Cerc, uma das quatro centrais registradoras e que é parceira da PagSeguro e do Mercado Pago, afirmou no mês passado que as taxas na antecipação dos recebíveis que estão em seu sistema têm ficado estáveis, em uma vitória para os comerciantes.

Essa maior competição pode se tornar uma pedra no sapato do setor de maquininhas. O adiantamento de recebíveis virou arma das empresas para ganhar dinheiro, após a redução das margens na captura de transações, um legado da guerra das maquininhas. O inimigo, agora, pode ser outro.

Iniciativa visava reduzir preços

O registro de recebíveis tornou os valores a receber de cada comerciante visíveis a todo o mercado, para que operações com eles pudessem ser feitas por virtualmente qualquer empresa da área. A intenção do Banco Central era justamente reduzir os preços desse tipo de operação.

Cielo e Getnet fizeram questão de dizer, porém, que ainda não sentem os efeitos dessa briga. Na Getnet, o spread (diferença entre custo de captação e juros cobrados dos clientes) do adiantamento cresceu. A Cielo também avançou na rentabilidade e afirmou estar preparada para captar recursos para o produto de forma mais barata do que antes.

Autor/Veículo: O Estado de S.Paulo - coluna Broadcast
Compartilhe: