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Sem citar Maia, Guedes fala em imposto 'interditado'

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quinta-feira que a reforma tributária está travada porque o imposto sobre transações eletrônicas foi "interditado" na Câmara dos Deputados e as privatizações não avançam por um acordo de centro-esquerda no Congresso.
As queixas revivem o atrito entre Guedes o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que não foi citado diretamente no discurso.
Em relação à reforma tributária, o ministro afirmou que o objetivo da equipe econômica é desonerar a folha de pagamento e, para isso, precisa criar um novo tributo. No entanto, o debate foi interditado.
— Estamos atrasados em algumas (reformas), certamente. A tributária teve uma trajetória muito atribulada. Nós estamos mais convencidos ainda do problema de desoneração de folha. Precisávamos remover esse imposto sobre folha de pagamentos, que é um desastre, é uma arma de destruição em massa de empregos, tem efeito cumulativo. Como isso estava interditado, não podia entrar na Câmara, nós temos um impasse — disse o ministro, em evento virtual da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp).
Nos últimos meses, Maia disse várias vezes que, enquanto ele fosse presidente da Câmara, não se discutia a possibilidade de criar um imposto sobre transações digitais. A ideia enfrenta ainda resistência de outras lideranças no Congresso.

Já sobre as privatizações, Guedes repetiu uma avaliação que tem feito em suas últimas falas públicas ao afirmar que há um acordo político que impede que as vendas de estatais avancem, sem citar detalhes sobre a acusação.

— Estamos aqui agora há dois anos querendo privatizar empresas que é difícil. Há acordos políticos de centro-esquerda que dificultam — afirmou.
Na primeira vez em que mencionou que suspeitava de uma aliança para impedir a venda de estatais, Guedes se referiu diretamente a uma suposta atuação de Maia.

— Há boatos de que haveria acordo do presidente da Câmara com a esquerda para não pautar as privatizações. Nós precisamos retomar as privatizações, temos que seguir com as reformas, temos que pautar todas essa transformação que queremos fazer — afirmou o ministro no fim de setembro.
Na ocasião, o parlamentar rebateu as acusações, afirmou que o ministro estava "desequilibrado" e recomendou que ele assistisse ao filme "A Queda", que narra as últimas horas de Adolf Hitler à frente da Alemanha nazista.
Durante o evento, o ministro disse ainda que existe espera que a agenda de reformas avance, embora líderes do Congresso e até integrantes da própria equipe econômica já admitam que o debate só deve continuar após as eleições para presidentes da Câmara e do Senado, marcadas para fevereiro.

— Nosso senso de compromisso com as reformas continua. Para nós, o governo começa cada dia. Não tem esse negócio de que acabou. Ao contrário, tem muita reforma pela frente. Vamos fazer a tributária, vamos aprovar os marcos regulatórios para destravar os investimentos, vamos transformar esse recuperação cíclica numa retomada de crescimento sustentável — afirmou o ministro.

Autor/Veículo: O Globo
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