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Serviços têm alta de 3,7% em fevereiro

O volume de serviços prestados no País cresceu 3,7% em fevereiro em relação a janeiro. Após nove meses consecutivos de avanços, o setor conseguiu recuperar as perdas provocadas pela pandemia e opera hoje em patamar 0,9% superior ao de fevereiro de 2020 – antes que a crise sanitária se agravasse no Brasil, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE.

O bom desempenho do setor surpreendeu analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast, que estimavam uma alta mediana de 1,30%. Ainda assim, as indicações são de cautela em relação aos próximos meses.

“O cenário é de recuperação nos serviços prestados às empresas, mas de dificuldade nos prestados às famílias, com retomada consistente apenas depois de avanços na vacinação contra a covid-19”, avaliou em nota o economista Rodolfo Margato,

da XP Investimentos.

Já o economista-chefe da agência de classificação de risco Austin Rating, Alex Agostini, afirmou que o cenário de preocupação neste primeiro semestre pouco se alterou com a melhora nos serviços em fevereiro. “Foi surpreendente, mas é um ponto fora da curva. O setor respirou em fevereiro para mergulhar muito forte em março”, disse.

O crescimento em fevereiro foi resultado de avanços nas cinco atividades pesquisadas, mas teve um impulso maior a partir da expansão do comércio eletrônico no País, explicou Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços no IBGE.

A atividade de transportes, armazenagem e correios cresceu 4,4% em fevereiro ante janeiro. O subsetor de transporte terrestre avançou 5,5%, enquanto o de armazenamento, serviços auxiliares aos transportes e correio teve uma expansão de 4,4%, operando no patamar mais elevado da série histórica da pesquisa.

“Foi pelo aumento do e-commerce. Em função da adaptação que as empresas tiveram de fazer para colocar disponíveis seus produtos online, vem crescendo desde junho de 2020 a receita dos grupos que atuam nessa parte de logística e de transporte de cargas”, afirmou Lobo, lembrando que pequenos varejistas aderiram a parcerias com grandes varejistas para vendas no formato marketplace, ampliando assim o alcance aos seus produtos.

Na passagem de janeiro para fevereiro, os serviços prestados às famílias subiram 8,8%, puxados pelo subsetor de alojamento e alimentação (8,6%).

“É uma taxa contundente em termos de variação, mas vem depois de duas taxas negativas”, ponderou Lobo. “Esse mês de fevereiro foi o que antecedeu a intensificação de medidas restritivas contra a pandemia. Ainda havia mobilidade grande de pessoas pelas cidades, se refletindo nesse crescimento.” Os demais avanços ocorreram nos serviços profissionais e administrativos (3,3%), outros serviços (4,7%) e informação e comunicação (0,1%).

“A parte de logística e de transporte de cargas sustenta esse crescimento mais duradouro, mas a parte de serviços prestados às famílias, de serviços profissionais e complementares, ainda é duvidosa”, alertou Lobo.

Autor/Veículo: O Estado de S.Paulo
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