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Sob pressão, Petrobras reduz 3,56% no óleo diesel

Com a queda no preço internacional do barril de petróleo e a pressão do governo federal para redução nos preços dos combustíveis, a Petrobras anunciou ontem um corte de R$ 0,20 no preço médio de venda do diesel nas refinarias às distribuidoras. A partir de sexta-feira (05), a estatal passa a vender o litro do diesel, em média, a R$ 5,41, o que corresponde a uma queda de 3,56%.
Essa é a primeira redução do diesel desde que o atual presidente da companhia, Caio Paes de Andrade, assumiu o cargo, em junho. Andrade foi indicado à vaga pela União depois críticas do presidente Jair Bolsonaro à política de preços da estatal. Desde a posse de Andrade, a Petrobras já fez dois cortes nos preços da gasolina, em julho, mas ainda não havia alterado o diesel, vendido a R$ 5,61 o litro desde 17 de junho, quando sofreu aumento de 14,26%. Essa também foi a primeira redução no preço do diesel desde maio de 2021.

O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, comemorou o anúncio nas redes sociais: “Redução de 20 centavos no preço do litro do diesel! Passo a passo e com a graça de Deus os resultados vão aparecendo! Brasil porto seguro do investimento”, disse em um post no Twitter. A medida, porém, deve ter impacto nulo na inflação.

Na semana passada, a estatal aprovou uma nova diretriz para a política de preços que reforçou a supervisão do conselho de administração em relação às decisões tomadas pela diretoria-executiva. Segundo fontes, não houve uma reunião no conselho de administração para debater a redução do diesel, mas os atuais conselheiros foram informados antes sobre o anúncio.

Nas estimativas da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), a redução deve corresponder a uma queda de R$ 0,18 para a composição do produto comercializado nos postos, considerando a mistura obrigatória de 90% de diesel A e 10% de biodiesel ao produto final.
No entanto, o presidente da entidade, James Thorp Neto, lembra que a queda depende das distribuidoras e da decisão individual de cada posto.

Nos cálculos da Associação Brasileira dos Importadores dos Combustíveis (Abicom), antes da queda, o diesel vendido pela Petrobras estava 9% acima da paridade internacional, o que significava possibilidade de redução de R$ 0,46 no preço médio do litro.

O presidente da Abicom, Sérgio Araújo, afirma que a decisão por não zerar completamente a diferença em relação aos preços internacionais ajuda a estatal a reduzir eventuais desgastes caso ocorra um novo aumento nos preços internacionais nas próximas semanas. “Isso dá mais fôlego para que a Petrobras não tenha que reajustar novamente os preços em breve”, diz.

Segundo Araújo, nos patamares atuais os preços do diesel viabilizam importação por empresas menores, o que é importante para ajudar a garantir o abastecimento nacional. Cerca de 30% da demanda brasileira de diesel depende de importações, pois a capacidade de refino atual é capaz de atender por volta de 70% do que é consumido no Brasil.
O Goldman Sachs estima que os preços do óleo diesel nas refinarias da Petrobras estão 11% acima do preço de paridade de importação (PPI) depois do corte.Em relatório, o Itaú BBA também disse que há espaço para que a Petrobras possa reduzir preços dos combustíveis, com a tendência de queda nos preços do petróleo e um estreitamento da margem entre as cotações do petróleo bruto ante os preços do diesel e da gasolina. Para ler esta notícia, clique aqui.

Autor/Veículo: Valor Econômico
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