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Valor do etanol deve subir em 60 dias

A decisão de prorrogar a isenção de impostos federais (PIS/COFINS e Cide) para os combustíveis pelo atual Governo Federal limitará a valorização dos preços do etanol durante a entressafra, o que poderá refletir no mix de produção para a próxima safra canavieira.

“Mesmo quando a isenção acabar a safra deve ser max açúcar”, avalia a Czarnikow, trading britânica de alimentos e serviços.

A isenção deveria valer até o dia 31 de dezembro, conforme estabelecido pelo ex-presidente. Ao assumir, o presidente Lula adiou o prazo para mais 60 dias.

“Uma decisão tomada pelo medo de ter preços de que combustíveis mais altos logo no primeiro mês de mandato. Até março os impostos federais sobre gasolina e etanol devem voltar integralmente”, observa a analista da Czapp, Ana Zancaner.

Mas qual a relevância disso para os preços do etanol e, consequentemente, do açúcar? Ana explica que a gasolina tem carga tributária maior que o etanol, o que significa que, para o etanol manter sua competitividade, seu preço precisa cair.

“Quando foi anunciada a isenção de impostos federais junto com a redução do ICMS (mais sobre isso abaixo), em 30 dias o preço da gasolina caiu 19% e o etanol 13% nos postos. Ao mesmo tempo, o PVU (Preço Veículo Usina) do etanol caiu 5%, resultando em uma queda de 115 pontos na base No.11. E, desde então, o biocombustível tem apresentado uma paridade gasolina-etanol superior a 70%, perdendo participação de mercado”, comenta a analista.

Portanto, o retorno dos impostos sobre a gasolina seria positivo para o etanol. “Com base em uma paridade teórica de 70% (e um BRL de 5,35), o etanol poderia subir 200 pontos para mais de 15c/lb (base No.11)”, afirma Ana.

Ainda de acordo com a trading, dado o patamar de preços do açúcar, dificilmente representaria uma ameaça para a visão máx açúcar para a safra 2023/24. “Para isso acontecer, o etanol precisaria estar acima de R$ 3/litro (PVU, líquido de impostos). Mas, ainda assim, melhoraria os retornos das usinas. Agora, terão de esperar até março”, elucida a analista.

Quanto à recuperação do ICMS, só deve ocorrer em 2024 para São Paulo afirma a Czapp. “O teto do ICMS foi extremamente controverso. Por ser um imposto estadual, representou uma perda significativa de receita”.

Em junho do ano passado, a lei foi alterada para considerar o combustível um produto de primeira necessidade, e como tal estaria sujeito a um limite máximo de 17 ou 18% de ICMS (dependendo do estado). Em dezembro passado, alguns estados aumentaram o limite em até 4 pontos percentuais. No entanto, este não é o caso de São Paulo. Como o estado não conseguiu aprovar uma proposta no ano passado, qualquer aumento do ICMS só seria válido em 2024.

“Mesmo supondo que SP poderia aumentar o ICMS da gasolina de 18% para 22%, a vantagem não é suficiente para trazer paridade entre açúcar e etanol. A alta do etanol subiria cerca de 300 pontos para 16,3c/lb, ainda muito abaixo dos retornos atuais do açúcar. A vantagem é que o preço médio do etanol de R$ 2,77/litro estaria acima do custo de produção, uma realidade que pode não ser o caso para a próxima safra 2023/24”, pondera Ana.

analista ainda considera que, tudo isso pode ser compensado com uma mudança na política de preços da Petrobras. O governo indicou Jean Paul Prates como novo presidente da empresa, que é notoriamente contrário à política de preços atual da companhia.

“Há uma chance de que os preços da gasolina sejam reduzidos a ponto de qualquer aumento de impostos manter os preços no mesmo nível. Então, todos os cenários de alta acima serão descartados e o setor sucroenergético no Brasil poderá estar novamente em uma posição de baixo preço do etanol e dificuldade em reduzir sua dívida”, conclui.

Autor/Veículo: Jornal Cana
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