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Venda de carros melhora em abril, mas queda chega a 21,4% no quadrimestre

Os números ainda não são bons, mas as vendas de veículos leves e pesados em abril mostram sinais de melhora. Foram comercializadas 147.256 unidades no último mês, alta de 0,3% em relação a março, que teve dois dias úteis a mais. Os dados são baseados no Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores).

É preciso considerar o impacto dos pontos facultativos no feriadão de Tiradentes, com Carnaval em diversas cidades. Houve, portanto, evolução na média diária de emplacamentos, que passou de 6.991 para 7.750 unidades/dia no período.

A leve melhora de agora, contudo, ainda está longe de compensar as perdas do setor em 2022. Em relação a abril de 2021, houve queda de 15,9% na comercialização de veículos. O primeiro quadrimestre encerrou com 552.924 unidades licenciadas, o que significa retração de 21,4% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Na visão da Anfavea (associação das montadoras), a expectativa por uma nova redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) pode ter represado as vendas em abril, impedindo um resultado melhor.

Mas a segunda rodada de diminuição da alíquota não contemplou o setor automotivo, e agora é esperada uma reação do mercado em maio –apesar dos problemas persistentes relacionados à escassez global de semicondutores.

Embora tímido, o sinal de recuperação emitido pelo mercado automotivo é visto como um bom presságio pela Anfavea, que entra agora em um novo ciclo de lideranças.

Nesta segunda (2), ocorre a cerimônia de posse do novo presidente da entidade, Márcio de Lima Leite. Ele substitui Luiz Carlos Moraes, que volta a se dedicar exclusivamente à Mercedes-Benz do Brasil, onde ocupa o cargo de diretor de comunicação corporativa e relações institucionais.

Pela primeira vez, a vice-presidência da Anfavea será ocupada por uma mulher. Será Marina Willisch, vice-presidente de relações governamentais da GM.

Leite é diretor jurídico e de relações institucionais do grupo Stellantis na América do Sul. O advogado está na empresa desde junho de 2000, quando entrou para a Fiat. Eram outros tempos, antes mesmo da fusão da marca italiana com a Chrysler, que foi consolidada no início de 2014.

O novo presidente da Anfavea passou ainda por uma segunda megafusão, que deu origem à Stellantis. A empresa criada em 2021 reúne 14 marcas: Fiat, Jeep, Chrysler, Dodge, Peugeot, Citroën, DS, RAM, Maserati, Alfa Romeo, Abarth, Opel, Vauxhall e Lancia.

Leite tem perfil conciliador, característica que deve marcar sua gestão à frente da Anfavea. A entidade passa por turbulências há algum tempo, com muitas vozes dissonantes. Há associadas que, por exemplo, defendem que haja um diretor-executivo que venha do mercado, sem ligação com as montadoras.

Os problemas internos, contudo, são menores diante da realidade do mercado. A gestão de Moraes foi marcada pela pandemia de Covid-19 e pelo agravamento da crise econômica. O ex-presidente da associação de montadoras não poupou críticas a decisões da equipe do ministro Paulo Guedes, mas sempre foi ouvido pelo governo.

Leite deve dar sequência ao movimento de reaproximação com Brasília, fortalecendo o relacionamento institucional. Historicamente, a Anfavea não revela apoios políticos.

Prova dessa postura é a escolha para os locais da posse. Além da cerimônia desta segunda (2) em um hotel de São Paulo, haverá um segundo evento no Distrito Federal, na noite de terça (3).

Autor/Veículo: Folha de S.Paulo
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