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Vendas no varejo recuam 0,6% em março, aponta IBGE

O recrudescimento da pandemia de covid-19 e as medidas restritivas necessárias para o combate à disseminação do novo coronavírus prejudicaram de forma generalizada os segmentos varejistas em março, com exceção do setor de supermercados. O volume vendido caiu 0,6% em relação a fevereiro, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Houve aumento da estratégia de restrição de circulação de pessoas em março”, apontou Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE, acrescentando que houve fechamento de escolas e antecipação de feriados em diferentes estados do País.

Sete das oito atividades que integram o comércio varejista registraram retração nas vendas em março ante fevereiro. A única taxa positiva foi a de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (3,3%), impedindo recuo maior do varejo como um todo.

Destaque. Os supermercados já respondem por mais da metade do volume vendido no varejo. O segmento vinha prejudicado pela inflação de alimentos em patamar elevado, mas houve trégua em março. O setor supermercadista também foi impulsionado por uma migração de consumo das famílias, que deixaram de gastar em estabelecimentos fechados pelas medidas restritivas para consumir itens vendidos pelos hipermercados, atividade essencial que permaneceu aberta, apontou Santos.

“Com os restaurantes fechados, a população correu para os supermercados”, concorda o economista Homero Guizzo, da corretora Guide Investimentos.

No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, houve redução de 5,3% no volume vendido em março ante fevereiro. As vendas de veículos caíram 20,0%, enquanto as de material de construção recuaram 5,6%.

A reabertura parcial das atividades econômicas em meados de abril deve favorecer um ligeiro crescimento das vendas, mas as incertezas com a crise sanitária ainda elevadas e as pressões no orçamento familiar, com lenta recuperação do mercado de trabalho, inflação pressionada e menor crescimento do crédito limitam uma maior velocidade de expansão do varejo nos próximos meses, avaliou Isabela Tavares, da Tendências Consultoria Integrada. /

O Estado de S.Paulo
Cotação do dólar fecha semana com queda de 3,7%
O dólar fechou a primeira semana de maio acumulando queda de 3,7%. É a maior baixa semanal desde o final de novembro de 2020. O real foi a moeda de um país emergente com melhor desempenho mundial ante a divisa americana nos últimos cinco dias. No ano, a alta do dólar, que chegou a 12% em março, quase foi zerada, ficando agora em 0,77%.

A perspectiva de novas altas de juros pelo Banco Central – que deixa o País mais atrativo para investidores estrangeiros, pois reduz o diferencial das taxas com outros emergentes – e exportações recordes do Brasil em meio à disparada dos preços das commodities estão entre os fatores que vêm contribuindo para o melhor desempenho da moeda brasileira frente a seus pares.

O cenário externo também está ajudando. Ontem, a decepção com o fraco relatório de emprego dos Estados Unidos, com criação de vagas bem abaixo do previsto em abril, ajudou a enfraquecer ainda mais o dólar no mercado internacional, afastando a sensação de superaquecimento da economia americana, ressalta o estrategista do Rabobank, Maurício Une. A visão é que o Federal Reserve não vai precisar subir os juros tão cedo. No Brasil, o BC mais duro com os juros, a pandemia mostrando tendência de estabilização e ausência de notícias que pressionem a situação fiscal nesta semana ajudaram, ressalta ele.

Em outros emergentes, o dólar teve queda menor do que no Brasil esta semana, movimento explicado porque a moeda brasileira vinha tendo desempenhos seguidamente piores que seus pares, por conta dos ruídos políticos e do risco fiscal. No México, a moeda americana recuou 0,40%, na Rússia caiu 1,82% e na África do Sul teve baixa de 2,81%. Aqui, o dólar chegou a R$ 5,48 no começo da semana, para cair a R$ 5,20 na mínima de ontem. No dia, o dólar à vista fechou em queda de 0,93%, a R$ 5,2286, a menor cotação desde 14 de janeiro.

“O real vinha de um nível muito depreciado. Tinha muito prêmio de risco embutido”, afirma o sócio e gestor da Galapagos Capital, Sérgio Zanini. A pressão para a melhora da moeda brasileira por conta da alta dos preços de commodities como soja e minério de ferro vinha sendo abafada pelo risco fiscal e ruídos políticos em Brasília, avalia ele. Por isso, a divisa brasileira estava muito descolada de outros emergentes. “Há dois motores por trás desta apreciação do real, a alta dos preços das commodities e o Banco Central removendo o excesso do diferencial de juros.”

Inflação. Mesmo com a queda recente, o real ainda está barato e Zanini vê fôlego para mais baixas do dólar, com a moeda americana podendo recuar para perto de R$ 5,00 ou mesmo um pouco ‘Risco embutido’

• abaixo ainda este ano.

O dólar mais fraco acaba também ajudando a controlar a inflação, destaca Zanini. “Se o câmbio apreciar, ele tira um pouco da pressão da inflação no curto prazo.”

A economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico, também vê chance de o dólar cair um pouco mais no Brasil, mas não abaixo de R$ 5,00. Para isso, será preciso avançar com o ajuste fiscal. Ela destaca que a melhoria do câmbio começou com a resolução da novela do Orçamento de 2021, ainda que não tenha sido o ideal, mas foi sancionado com vetos e mantendo o teto. Em seguida, a economista observa que indicadores da atividade mostrando economia melhor que o esperado na segunda onda da pandemia e balança comercial forte ajudaram. Em abril, por exemplo, as exportações foram recordes para todos os meses da série histórica. No curto prazo, mantendo o cenário externo mais favorável, estes fatores devem seguir ajudando o real a ganhar força, avalia Andrea.

Autor/Veículo: O Estado de S.Paulo
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